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queda_S_tome.jpgO local do «avistamento»

Em Maio de 2003, aproveitando uma promoção da entretanto falida Air Luxor, decidimos ir até S. Tomé. Era à época um destino quase inexplorado turisticamente, havendo somente dois hotéis dignos desse nome na ilha, o do ilhéu da Rolas e o principal, em plena capital.

 

Acompanhavam-nos o Cunha e a mulher. O Cunha é um «adiantado mental», tipo de inteligência brilhante e humor cáustico, mente livre e libertária, companheiro ideal para passeios e aventuras.

 

Ficamos quatro dias nas Rolas e três dias em S. Tomé. Como conhecíamos um português que lá morava, tivemos direito a visitar sítios virgens de turistas. Num desses passeios fomos dar a umas quedas de água cujo nome desconheço. Imensas crianças, umas a regressar da escola, outras a cabular, aproveitavam o rio para se refrescarem e divertirem. Ficamos ali, a brincar com os miúdos e a conversar. De repente o meu amigo sussurra:

 

- Olha para o tamanho da pila daquele puto.

 

Efectivamente o miúdo era um tripé. Não devia ter mais de 6 ou 7 anos, e o pénis – seria ofensivo chamar àquilo pilita – dava-lhe quase pelo meio da coxa. A criança era anatomicamente desproporcional, nu e inocente. O pénis teria 8 a 10 cms, um badalo quase assustador.

 

- Eh pá o puto tem um piloca enorme, comentei.

 

- Não digas nada, senão as nossas mulheres pensam que são todos assim e nunca mais querem sair daqui.

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Caravana de camelos.

por Fernando Lopes, 14 Abr 15

Camel-caravan-going-through-the-sand-dunes

 

Se me perguntarem as minhas férias de sonho receberão uma resposta não muito convencional: fazer uns dias numa caravana de camelos. Existem coisas razoavelmente organizadas para brincarmos aos tuaregues, pois tenho bem a noção de que se trata de uma viagem fabricada, segura e confortável, destinada a dar ao europeu uma ilusão de exotismo, a tornar realidade sonhos pré-formatados. Assim mesmo, aconchegado e confortado, numa brincadeira de faz-de-conta, gostava de tentar. Nas várias viagens ao norte de África, ficou-me a paixão pelo imenso vazio, mar de nada, onde te ouves respirar, sentes cada pedra do chão, um eterno nada de que também faço parte.

 

Nunca seria como um tuaregue a sério, daqueles que escolhem a pedra mais redonda para limpar o rabo, dos que por mais que se lavem permanecerão para todo o sempre azulados porque os tintos das vestes se lhes impregnaram na pele transformando-se numa tatuagem permanente. 

 

Certo é que amo o deserto de pedra ou areia. Gostava de lá voltar, regressar a num sítio tão sem nada que me ouço a pensar.

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Cidadãos do mundo em low cost.

por Fernando Lopes, 19 Jul 13

Este post pode ser entendido como ofensivo para conhecidos e até amigos. Fique bem claro que não é esse o meu intento, apenas constatar uma nova variante do turismo de massas. Com o surgimento das companhias aéreas low cost, a Europa abriu-se um novo tipo de turismo, o das rapidinhas. É tentador quando um bilhete de avião para Amesterdão se torna mais barato que uma deslocação de carro à capital. Mudar de ambiente, ver cidades e países diferentes. Já fiz várias dessas deslocações, portanto, contra mim falo. O que fazemos é seguir os percursos do guia da American Express ou Lonely Planet. Só se vê os must see porque o tempo não dá para mais. Isto nada teria de mal se não desse a falsa ideia aos portugueses em particular e europeus em geral, que são “cidadãos do mundo”. Não somos. Estas viagens são prova do provincianismo que grassa por aí. Para conhecer um país, um povo, é preciso “dormir com eles na cama, ter a mesma condição”, como disse Pedro Homem de Mello. O resto são ilusões que compramos a preços módicos.

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