Diário do Purgatório

Anterior episódio da saga Dilma, aqui.

faz-me recordar as moças de má fama do meu tempo. Andavam na galderice, davam baldas a todos e passavam o fim mês aflitinhas a fazer contas. 

Em Manaus, debaixo de uma tempestade, centenas de jovens brasileiros esperaram horas para (ante) ver Cristiano Ronaldo. Todos sabemos da agenda carregada, compromissos publicitários, da exaustão mental que deve acompanhar este assédio constante. São no entanto estes fãs que ajudaram na  fama e fortuna de um rapaz de origem humilde que tem como única qualidade conhecida, a excepcional habilidade para jogar à bola. Contra ordens e tormentas, CR devia ter ido saudar os que o aguardavam, porque um ídolo também é aquele capaz de descer do Olimpo temporário em que o colocaram para mostrar face humana, cumprimentando e agradecendo aos que o admiram incondicionalmente.  

Face à contestação de que tem sido alvo, não deve existir maior torcedor do Brasil que Dilma Rousseff.  O futebol é o ópio do povo e a ausência de uma boa carreira no mundial por certo potenciará o descontentamento. Estranhamente, ou talvez não, a manutenção do statu quo brasileiro também passa pelo futebol.