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Desculpe o Huawei (*) ou «Fare il portoghese»

por Fernando Lopes, 29 Ago 17

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Políticos e altos dirigentes públicos viajaram a expensas de uma multinacional chinesa. Afinal, quem de nós não gostaria de visitar a velha China sem gastar um tostão? O caso demonstra a ingenuidade, melhor dizendo, a estupidez, destes senhores.

 

Os «nossos melhores» são tão, mas tão fraquinhos, que basta levá-los à bola a França ou num passeio mais longínquo para se esquecerem que desempenham funções de representação da nação portuguesa. Tal passa-se porque somos um país de pobrezinhos, os nossos dirigentes e quadros ganham mal – como aliás todos os portugueses, e qualquer presente faz perder a gravitas associada ao estado.

 

Há também uma questão cultural e histórica, os portugueses pelam-se por uma pechincha ou borla. Este atavismo tem séculos. Em Itália os que entram à borla em qualquer sítio são portoghese. Reza a lenda que em 1514 o Papa deu uma espécie de livre trânsito não pagante aos portugueses e todos, incluindo os romanos, declaravam «io sono portoghese».

 

Estes senhores cumprem apenas uma velha tradição nacional, aproveitar as borlas. Claro que a Huawei faz isto com o objectivo de impressionar pessoas que podem influenciar decisões, mas não é culpa deles que existam quadros portugueses e até um deputado que arrisque(m) a sua já fraca credibilidade por uma passeata grátis. É pouco, muito pouco, mas o velho regime, que conhecia esta portugalidade rural, saloia, e chico-esperta como ninguém, não mandou edificar o «Portugal dos Pequenitos» à toa. É todo um modo de ser.

 

(*) De uma música velha da Rita Lee.

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