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Filmar o seu próprio atropelamento.

por Fernando Lopes, 31 Jul 16

Saio e faço o meu percurso pedestre habitual. Avenida de França, Oliveira Monteiro, Cedofeita. Que não é do Porto não o saberá, mas a Rua da Boavista tem um único sentido: descendente. Qual não é o meu espanto quando vejo três cretinos a subir a rua de bicicleta, não pelo passeio, mas ocupando a faixa mais à esquerda. A sorte dos filhos da puta é que vinha a pé, se estivesse de carro os animais iam dar o tralho da vida deles. Ainda lhes berrei: Pró passeio!, os cretinos fizeram de conta que me não ouviam. Um deles, com mais de cem quilos trazia uma GoPro no capacete, suponho que para filmar o seu próprio atropelamento a andar em contra-mão.

 

Já não bastavam os que não param nos semáforos, as gajitas que julgando-se na Holanda, mas sem saber andar de bicicleta, circulam aos esses à minha frente acagaçando-me de morte, agora temos os radicais do contra-mão. Malta das biclas, não tenho nada contra vós desde que reúnam duas condições: respeitar as regras e saber andar de bicicleta. Não é pedir muito.

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Os novos ciclistas

por Fernando Lopes, 6 Set 12

No tempo em que os animais falavam, os ciclistas eram essencialmente trabalhadores da construção civil. Tinham umas enormes bicicletas pretas com um ar que agora se designaria por vintage. Circulavam calma e cuidadosamente, tinham luz atrás e à frente, uma matrícula amarela que indicava uma licença da câmara municipal e conhecimentos básicos do código da estrada. Não tenho saudades desse indicador de pobreza, mas uma coisa é certa: este utentes da estrada eram, de forma geral, extremamente cuidadosos.

 

Estão a surgir nas cidades uma nova espécie de utilizadores da bicicleta: o ecociclista "estou-me a marimbar para os automobilistas". Caracterizam-se por preocupações pelo meio ambiente e não por dificuldades económicas. Passeiam-se em bicicletas de largas centenas de euros. Como são, na sua esmagadora maioria, ex-automobilistas armados ao cágado, comportam-se como se fossem ao volante de um carro. Andam nas faixas dos automóveis, ocasionalmente a grandes velocidades e são particularmente temerários, uma vez que na sua cabeça vazia ainda estão rodeados de chapa, airbags, ABS, DSC e dispositivos similares.

 

Ainda ontem, uma destas aves raras subia no sentido Praça da Galiza-Rotunda, a rua Júlio Dinis. Para quem não conheçe trata-se de uma subida acentuada. O caramelo circulava na faixa dos automóveis (a da direita é faixa de BUS), mantendo atrás de si uma fila de seis ou sete automóveis em 1ª. Fica claro que o que este marmelo poupou em emissões de CO2, foi consumido pelos carros, civilizadamente e sem buzinar, atrás da eminência parda. Resultado da pegada ecológica nulo. Sem referir o perigo que esta opção encerra nas grandes cidades e vias saturadas de trânsito.

 

Depois, uma docente da Universidade do Minho de apelido Pereira, completamente alheia à morfologia das nossas cidades, recomenda o uso de bicicleta para crianças a partir dos 6 anos. Ou é inconsciente, sócia de Ana Pereira, proprietária da Cenas a Pedal, ou tem muito pouco amor aos filhos. Isto não é a Holanda minha senhora.

 

Já agora, será o erário público a contribuir para estes estudos brilhantes, ou é só trabalho nas horas vagas?

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