Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]

Hoje foi assim.

por Fernando Lopes, 28 Mai 17

Piquenique.jpg

 

Reuniram-se os amigos, a pretexto de celebrar 30 anos do calcanhar de Madjer. Qualquer motivo é bom para estarmos como aqueles de quem gostamos e gostam de nós. Sem preconceitos ou julgamentos, aceitam-nos inteiros. Piquenique no Jardim das Virtudes, um recanto escondido deste meu/nosso Porto. Beijos, abraços, recordações deste cidade que nos veste a alma e pinta o coração de azul e branco.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Temas:

Anjos improváveis.

por Fernando Lopes, 14 Jul 16

Às vezes deparas-te com uma encruzilhada. Hesitas, não sabes se deves avançar, recuar, ou simplesmente ficar quieto. Baloiças em corda bamba, funambulista a milímetro do abismo ou glória. As pernas tremem-te, com elas o arame que te equilibra baloiça perigosamente. Alguém, com toda a calma do mundo, questiona-te, e sem esse intuito, faz-te ver o caminho a seguir. Renovado, respiras de alívio. Não acredito em anjos, mas há-os por aí, sem que te apercebas caminham a teu lado, são teus amigos, gostam de ti. Talvez ser anjo seja apenas isso.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Temas:

Incontinente afectivo.

por Fernando Lopes, 30 Abr 16

Fui acusado pela minha mulher de ser um incontinente afectivo. O formalismo, a guarda dos afectos, é cena que a mim não me assiste. Da mesma forma que liberto vernáculo a ritmo de samba, também o faço com beijos e abraços entre amigos. Heterossexual desde sempre, acho o mais nauseabundo dos pipis infinitamente mais belo que helénica pilinha. Os amigos e amigas nunca manifestaram desconforto por lhes pregar bejufa ou carinho. Aviso assim machos e fêmeas que comigo convivem: somos amigos, se a expressão física do meu carinho vos for desconfortável nada mais têm que fazer senão alertar-me para o facto. Serei sério, contido e asséptico como desejam, ou pelo menos como a minha mulher desejaria que fosse. 

Autoria e outros dados (tags, etc)

Temas:

Se algum dia não quiseres o teu marido…

por Fernando Lopes, 24 Abr 16

Vivemos estórias tão inverosímeis que parecem efabulação. Sou amigo há imensos anos de um daqueles casais de namorados de infância que «deram certo». A minha amiga é de Belas-Artes, ele engenheiro informático. Um tipo adorável: é habilidoso, sempre bem-disposto, colabora nas tarefas domésticas, toca guitarra. A antítese deste cão sarnento de raça indefinida que vos escreve.

 

Essa minha amiga tinha uma colega de faculdade completamente choné. Psicótica, com a mania da perseguição, era um desafio que qualquer psiquiatra não desdenharia.

 

Convidam-na para jantar. Ele desdobra-se na sua habitual simpatia, prepara caipirinhas, ajuda no jantar, põe a mesa, sempre com uma piada e sorriso como é o seu jeito. A choné não resiste e observa:

 

- Olha, o teu marido é bem-parecido, jeitoso, colaborante, simpático. Se algum dia não o quiseres, avisa-me, precisava de um tipo assim.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Numa festa, aparece um casal conhecido. Ele, companheiro de luta, jornalista, desportista, ex-boémio, actual pai de família. Ela é muito bonita, inteligente e extraordinariamente suave. Um doce, como se costuma dizer. Junta-se uma roda de amigos a comentar e celebrar a gravidez, saber novidades, apaparicar os futuros  pais.

Chega outro, já ligeiramente tocado, queda-se a apreciar as movimentações.

- Que é que fizeste? Engravidaste-a? Grande coisa, isso até eu fazia. E com gosto!

Autoria e outros dados (tags, etc)

Temas:

Obrigado, e voltem sempre.

por Fernando Lopes, 9 Mai 15

amigos.jpg

 

Passe a imodéstia, uma das minhas características mais nobres é a autenticidade. What you see is what you get, isento de truques e rodriguinhos. Isso explicará porventura a facilidade que tenho em me relacionar com as pessoas, independentemente de onde vêm. Conheci a Treza através de um pedido de ajuda, queria que ela me fizesse um template para o blogue. Acabámos por nos tornar amigos. Como as coisas boas muitas vezes surgem aos pares, veio também o Luís.

 

Quando vistam o Porto encontramo-nos sempre. É um gosto estar com eles, partilhar estas ruas que são as minhas veias, parar para lhes explicar a estória de uma loja da minha infância, um ou outro local que me marcou. Como guia turístico devo ser um desastre, mas, justiça me seja feita, haverá poucos que ponham tanto de si no que orgulhosamente exibem.

 

Ontem, tive-os por cá. Percorremos ruas, espreitamos bares, conversamos, comemos. Celebramos a amizade e a vida. Ei-los sorridentes, na «Badalhoca da Baixa», entre presuntos e canecos de Espadal. Obrigado, e voltem sempre. É um prazer tê-los por cá.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Temas:

Só recebemos postais de quem nos ama.

por Fernando Lopes, 25 Jan 15

postal de cuba.jpg

Em tempos não muito longínquos, amigos e família trocavam postais cada vez que iam de férias. Era coisa que dava trabalho, escolher o postal, escrevê-lo, selar e muitas vezes procurar local para o envio. Coisa morosa, mas um acto de amor. Aquela pessoa lá longe, dedicava-nos uma parcela das suas férias para dizer que gostava de nós. Recebi sexta este postal de Cuba, atrasado de três meses. Na verdade chegou muito a tempo, pois os afectos nunca chegam tarde.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Temas:

O destino como titereiro.

por Fernando Lopes, 29 Dez 14

Embora seja de trato fácil, frequentemente bem-disposto e expansivo, não sou do género de fazer amizades com facilidade. Provam-no o núcleo duro, exposto a 44 de anos de convívio, partilha, glória e derrota conjuntas. Vidas repartidas desde o banco da escola, onde a sinistra mestra utilizava métodos hoje considerados bárbaros, outrora glorificados pela eficácia: violência e medo. Aprendemos à chapada, reguada, palmatória, sempre temerosos. Uma hierarquização militar, em que um simples verter de águas era ordenado: a fila tinha à frente os da 4ª classe, 3ª e assim sucessivamente. Até para o xixi havia hierarquia. Mais que o medo, uniu-nos a capacidade de resistência à adversidade, tornando-nos uma espécie de companheiros de armas, em que, nos momentos verdadeiramente adversos se usa a táctica romana do quadrado para que nada penetre nesta relação indestrutível.

 

A vida conduziu naturalmente à diversificação de relações, a novos amigos, sempre preservando os que comigo sobreviveram ao longo round que foi a escola primária. Ocasionalmente estacionam no meu coração uma ou outra alma. Aquelas a que quero verdadeiramente e que não são originárias nesse momento de encantamento, descoberta e angústia que é a infância, contam-se pelos dedos de uma mão. Entre eles duas mulheres bastante mais jovens e o ex-marido de uma delas.

 

E no entanto, entre os telefonemas da quadra – prefiro falar com as pessoas a mandar emails ou SMS – o que mais me tocou foi de um tipo com quem conversei uma única vez. Admiro-lhe a inteligência, cultura, o modo pausado, a capacidade de ignorar convenções ou conforto. Uma sensação estranha de que sempre fez parte do meu mundo, senão do real, do imaginado. Aquele que obviamente seria meu amigo, com quem se partilham vitórias e amarguras. Como se a mão de um titereiro invisível manipulasse o destino e juntasse esta dupla improvável na partilha de um dos mais nobres sentimentos: a amizade.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Temas:

CONVITE_Lan_amento_do_livro_Nicolinas_1984_2014_fiNicolinas 30 Anos 1984|2014

 

Sexta, a apresentação do livro «Nicolinas 30 Anos 1984|2014» do Ricardo Gonçalves. Leveza sem simplismo, reflexão sobre o futuro sem purismo, a obra e a sua divulgação pública foram a imagem do Ricardo, de Guimarães, dos seus filhos. Uma cidade com fortíssima identidade, que recebe com carinho mas sem servilismo, digna, granítica, nobre e firme, capaz de nos envolver num abraço amigo. Em Guimarães estou em casa. Durante a apresentação o Miguel fez um exercício de contabilidade que assumo como meu: nunca perdi um amigo desta terra, muitas vezes venho fortalecido com novos laços. Assim aconteceu uma vez mais: numa tertúlia improvisada, ao lado do meu anjo mau, Filipe, o seu irmão João Pedro, que me fez rir e enternecer com as suas histórias. Aos vimaranenses, dignamente representados por estes companheiros, o meu obrigado.

Autoria e outros dados (tags, etc)

g'noc noc

por Fernando Lopes, 3 Out 14

Imaginem arte em qualquer espaço, numa casa, bar, restaurante. Dança, artes plásticas, poesia, performance, em locais improváveis. Uma cidade que se transforma num enorme museu colaborativo, aberto a todos. Cede a sua casa para uma exposição de pintura e com simpatia abre as portas e coração a todos que desejam participar. No seu jardim assentam arraiais músicos e espectadores. É isto o g noc noc, uma imagem da generosidade desta cidade. Porque esta prodigalidade, partilha, é minhota, mas plural. Vemo-nos em Guimarães.

Autoria e outros dados (tags, etc)

Pesquisar

Pesquisar no Blog

Feedback

subscrever feeds