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Sr. Marques, um cabinda.

por Fernando Lopes, 3 Jul 16

marques2.jpg

 

O Sr. Marques não é português, apesar de aqui ter vivido a maior parte da sua vida. Menos ainda angolano, é um cabinda. Diz com indisfarçável orgulho que existem um rio e uma terra a separá-lo de Angola, a história do enclave e da feitoria, o facto de Cabinda estar entalada entre dois Congos e o mar.

 

Conta com brilho nos olhos as traquinices da mocidade em que partia de Cabinda para o Congo a vender feijão, e de como o apuro era logo ali gasto em farra, discotecas e copos. Fala da beleza da floresta do Maiombe como se lá estivesse.

 

De como foi tratado pelo Serviço Nacional de Saúde a um problema grave:

 

- Os meus compatriotas dizem mal dos tugas, eu só posso dizer bem, fui tratado como um príncipe.  

 

Da sua alegria em ver a cidade cheia de turistas, como gosta dos rostos surpresos a descobrir o que se lhe tornou familiar, da angústia em não falar inglês e consequentemente não conseguir transmitir o seu encantamento.

 

A cidade está cheia destas personagens plenas de afectos e «estórias», assim soubermos ouvi-las, e na modéstia das nossas limitações, partilhá-las.

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19 comentários

De alexandra g. a 03.07.2016 às 23:28

:)


Fernando, já conheces http://www.umestranhopordia.pt/  ?
Um abraço.

De Fernando Lopes a 03.07.2016 às 23:48

Nunca tinha lido, nem sabia que existia. É giro, uma boa ideia. Estas coisas, como quase tudo, faço-as instintivamente. Já tinha reparado no sr. Marques várias vezes, estava na esplanada, a conversa escorreu. 

De alexandra g. a 04.07.2016 às 00:00

instintivo, ou não, a verdade é essa: escorre :)


creio (sem grandes certezas) que a ideia/projecto, entretanto muito disseminada, e ainda bem, terá a sua origem neste:


http://www.humansofnewyork.com/



onde aquele pedaço de gajo chamado Obama comentou, entretanto, e não me venham dizer que foram os assessores :D

De Fernando Lopes a 04.07.2016 às 00:17

Escrever monotematicamente é algo que me desagrada, o estar restrito a algo e seguir apenas esse caminho. Um coisa tipo «diário» permite-te uma improvisação que é a minha cara. 

De Fernando Lopes a 04.07.2016 às 00:24

Ah e mais uma coisa: as minhas pessoas não são uma writing opportunity.São reais, o meu relacionamento com o sr. Marques não terminou no post, pelo contrário, ainda agora começou. São as minhas pessoas de que estamos a falar:)

De alexandra g. a 04.07.2016 às 23:35

Caneco, mas alguém (moi) denunciou preferências? Ai. Eu também sou toda pelos temas plurais, o que não me impede de respeitar iniciativas pessoais/projectos plurais, com carácter +/- profissional, porquanto as pessoas entrevistadas sejam dignificadas na sua individualidade. Nos dois casos que mencionei, e que acompanho q.b., creio que o são, sem aproveitamento do tipo comercial, ainda que possam vir a gerar livros. Aos 50 anos não me considero exactamente ingénua e sou uma acérrima detractora de projectos ditos "culturais", quando (e logo) no enunciado, tenho - chama-lhe alucinações :) - visões de cifrões a cada parágrafo...


e,ah: 


:P

De golimix a 04.07.2016 às 08:45

Olá Fernando, estou distante mas sempre presente Image
Gosto dessas gentes que aí encontras. Gentes com vidas escondidas nos olhares.
Obrigada pela partilha, ainda bem que não ficas com isso só para ti Image

De Fernando Lopes a 04.07.2016 às 12:34

Gosto de transportar as pessoas para as minhas "conversas", sobretudo quando são de gente com ricas experiências de vida.


Abraço 

De pimentaeouro a 04.07.2016 às 11:42

Cabinda, terra desconhecida por cá.

De Fernando Lopes a 04.07.2016 às 12:36

E com uma história que também é desconhecida da maioria dos portugueses.

De Anónimo a 04.07.2016 às 12:43

De Cabinda conheço o pau. Não sou assim tão ignorante como se pensa.
Filipe do Viagra alternativo

De Fernando Lopes a 04.07.2016 às 18:44

Palavra que estava à espera da deriva para o famoso pau. Ecce homo. 

De alexandra g. a 04.07.2016 às 23:29

em verdade vos digo que os vossos almoços deverão ser cousa mui divertida :D

De Fernando Lopes a 05.07.2016 às 00:49

Cenas de gajos, nada mais.

De alexandra g. a 05.07.2016 às 01:01

ok, erraste.
tens mais 50 tentativas de resposta, que isso  de "cenas de gajos" só me dá vontade de mandar um pirete, ok?


não há nada disso no mundo dito mundo, são construções sem sentido. Se duvidas, poderia trazer aqui a minha filha de 18 anos, que manda respostas de míssil teleguiado :)

De Fernando Lopes a 05.07.2016 às 01:16

Para te esclarecer fiz uma breve posta sobre o tema. :P

De Anónimo a 06.07.2016 às 07:05

Bom dia Fernando,

para que se conste, Cabinda (à luz do direito internacional) é um protetorado português, uma vez que foi esta a vontade expressa pelo rei cadinda (em tempos que lá vão) e por politiquices foi "incluída" aquando das negociatas da descolonização como sendo território angolano - o que na verdade não o é.
Cabinda trava ainda hoje uma guerra com o governo de luanda, atraves da FLEC - Frente de Libertação do Enclave de Cabinda .
1 abç
e

De Fernando Lopes a 06.07.2016 às 07:27

Obrigado, e. Sabia da feitoria, da FLEC - sou tão velho. O que me surpreendeu foi um sentimento de pertença tão grande a Cabinda 40 anos depois de a ter abandonado.


Abraço.

De Anónimo a 09.07.2016 às 00:14

Boa noite fernando,

Nao se trata de sentimento de pertença mas de justiça para com um povo martirizado e que não é dono do chao que pisa, pois como com todo o resto da descolonização, cabinda fez parte do pacote angola, entre outros pacotes que houve e outros povos que foram abandonados à sua sorte, ... como o de timor-leste, p.e.
Julgo que não aprendemos com os erros do passado, pois estamos a retalhar o pais à melhor oferta .... um abraço. e

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