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Quando se perdeu tudo, até o amor-próprio.

por Fernando Lopes, 24 Fev 18

Cada vez que passeio pela cidade continuo a cruzar-me os despojos dos que nada têm. Colchões e cobertores arrumados debaixo de uma qualquer entrada à espera que chegue o frio, e que debaixo dos andrajos alguém encontre algum calor e conforto. Na rotunda da Boavista um desses homens impressiona. Prostra-se como se de um muçulmano virado para Meca se tratasse. Esconde a cara entre os braços e coloca as mãos velhas e sujas por cima da cabeça, gemendo e implorando esmola. O receptáculo das moedas é um copo de Pepsi, ironia das ironias, a humilhação de um ser humano encimada por um copo de uma multinacional. Teatralização à parte, um homem assim, prostrado, gemendo e escondendo a face já perdeu tudo, até o amor-próprio. Situações assim deixam-me triste e envergonhado por pertencer a uma sociedade que tal permite.

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8 comentários

De Anónimo a 24.02.2018 às 15:45

Um desabafo triste num dia que, para mim também, deveria ser cheio de alegria.
Filipe que sabe do que falas...

De Fernando Lopes a 24.02.2018 às 18:06

Um facto alegre, não deve cegar para os problemas à nossa volta.
Fernando meditabundo

De Genny a 25.02.2018 às 17:27

Fico sempre com uma sensação de impotência.

De Fernando Lopes a 26.02.2018 às 07:40

Ficamos. E sem saber se devemos falar ou simplesmente, ficar calados.

De pimentaeouro a 05.03.2018 às 22:16

Dizer o quê. Fico sem palavras.

De Fernando Lopes a 06.03.2018 às 22:21

Nem eu, João.
Abraço.

De Anónimo a 11.03.2018 às 10:30

I need...another post.
Num país democratico e com igreja, segurança social etc...estas situações só podem existir por ausencia do proprio em ter ajuda institucionalizada.
Por isso é demencia não tratada, alcoolismo e a segurança social falha em arranjar solução ou "livre" arbitrio...se é tipo EUA então é alltura de haver um plano nacional tipo o da camara de lisboa com apooo do presidente

De Fernando Lopes a 12.03.2018 às 21:10

Não sei qual é a solução, e é física e psicológica. Num país civilizado, que tal aconteça ainda me indigna, mas já pouco surpreende. 

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