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Pertença.

por Fernando Lopes, 28 Mar 15

Em conversa com a minha querida amiga Xana, alma mater deste blogue, falava sobre Cedofeita. Lamentava-se ela de não ter este sentido de pertença a um lugar. Como quando fazemos amor com uma mulher, unimo-nos pelo corpo e por momentos as almas confundem-se e passam a uma, assim é a minha relação com esta zona da minha cidade.

 

Sou a Farmácia Sampaio, alfarrabista Candelabro, tabacaria Princesinha, sou o café Bissau que agora mudou de nome, recordo com saudade o velho guarda soleiro da esquina com a Rua do Mirante, sou as mercearias, tascas e cafés, sapatarias e lojas de pronto-a-vestir. Sou a velha cerzideira, as lojas de botões e acessórios de costura. Sou também as gentes, bêbado fedorento, músico de rua, burguês barrigudo, matrona às compras, puto ranhoso, prostituta barata, dono de bar. Amo-os, porque eu sou eles, eles são eu.

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5 comentários

De Anónimo a 29.03.2015 às 13:37

O Sr. Monteiro, do Café Bissau, morreu há cerca de um ano. Já era velho quando eu era um miúdo, mas trabalhou até morrer, sempre firme atrás do balcão. Ao lado, havia o alfarrabista (Sérgio Drumond, salvo erro) que vendia as revistas Playboy e Penthouse com um tira de cartolina a tapar as mamocas (a mulher obrigava-o a isso). O Centro Comercial de Cedofeita, cheio de vida e com uma das lojas de discos mais 'avant-garde' da cidade: a Jo-Jo's. Infelizmente, também com um dos bairros mais miseráveis do Porto, uma coisa triste, cheia de crianças descalças, com piolhos e sujas. E eu nem sou de Cedofeita.

De Carlos Azevedo a 29.03.2015 às 14:27

O Sr. Monteiro, do Café Bissau, morreu há cerca de um ano. Já era velho quando eu era um miúdo, mas trabalhou até morrer, sempre firme atrás do balcão. Ao lado, havia o alfarrabista (Sérgio Drumond, salvo erro) que vendia as revistas Playboy e Penthouse com um tira de cartolina a tapar as mamocas (a mulher obrigava-o a isso). O Centro Comercial de Cedofeita, cheio de vida e com uma das lojas de discos mais 'avant-garde' da cidade: a Jo-Jo's. Infelizmente, também com um dos bairros mais miseráveis do Porto, uma coisa triste, cheia de crianças descalças, com piolhos e sujas. E eu nem sou de Cedofeita.

De Fernando Lopes a 29.03.2015 às 14:57

Recordo-me bem de tudo o que referes, particularmente da maldita «ilha de Cedofeita». Esse reconhecimento também é uma forma de amor à velha rua e à cidade. 

De golimix a 29.03.2015 às 21:17

Também  não sinto esse sentimento de pertença, fruto de na infância ter andado de jou para já. 
Admiro-te

De Fernando Lopes a 29.03.2015 às 21:48

É um bocado o permanecermos muito tempo no mesmo local, vê-lo mudar, como nós mudamos, que nos funde com o sítio. Uma das alegrias que tenho é ter voltado à freguesia da infância. 

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