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Para ti, avó.

por Fernando Lopes, 21 Dez 15

Não sou, não vou, não posso, não quero, ser hipócrita. As pessoas têm graus de importância na minha vida. Amor total e absolutamente incondicional senti-o duas ou três vezes. Fazes-me falta sempre, mais ainda no Natal, porque tu eras o Natal, particular, só meu, que me acontecia todos os dias. Mais uma vez – já lá vão dez anos – vou estar à mesa sem os teus olhos luminosamente azuis, sem o teu jeito rude de matriarca atarefada, sem o teu amor, o teu bacalhau, os teus ralhetes a fingir pelo excesso de Alvarinho. Nada é como quando estavas, minha cuidadora, minha bimãe. Deixa-me dizer-te um segredo: quando dizias que ninguém cozinhava como tu e te desmentia, era apenas para ser pacificador, nunca, ninguém, consegui como tu escrever amor sob a forma de comida. Para te sossegar, digo-te que, estranhamente ou talvez não, estás lá, como se de forma mágica ainda supervisionasses tudo. De modo diferente é certo, estarás sempre connosco, comigo. Bom Natal, Vó.

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13 comentários

De Ana A. a 21.12.2015 às 20:38

Hoje faz dois anos que perdi um irmão. Era muito alegre e tentava sempre fazer uma piada... Sempre que penso nele sorrio!
Que bom podermos sentir este amor dentro de nós. Apesar da ausência!
Bom Natal Fernando.
(Este ano vou passá-lo à Suíça) ;)

De Fernando Lopes a 21.12.2015 às 21:26

É uma ausência presente, se é que me faço entender. 


Boa viagem e Bom Natal.

De saracasticamente a 21.12.2015 às 23:30

A minha avó é a minha falha física no Natal. Física porque eu acredito que, de alguma forma, ela está lá connosco.  

De Fernando Lopes a 22.12.2015 às 00:11

Ambos sentimos pessoas que não estão verdadeiramente lá. Ou talvez estejam. Talvez sejamos estranhos, ou talvez não. 

De saracasticamente a 22.12.2015 às 00:28

Eu gosto de acreditar que sim, que estão. Correndo o risco de parecer estranha! Os meus 30 anos foram um dos momentos mais marcantes da minha vida. No restaurante onde celebrei a data com a família estava uma senhora que era fotocópia da minha avó levando-nos a olhar para ela diversas vezes! Acredito que não tenha sido por acaso e que de alguma forma a minha avó estaria a celebrar comigo... 

De Anónimo a 22.12.2015 às 00:12

Isto não é Natal é Páscoa...ressuscitaste?

De Fernando Lopes a 22.12.2015 às 00:17

É engraçado como levamos um tiro quando estamos com as mão bem no ar e coração exposto. Caímos, depois questionamos porque é que isso aconteceu, sacudimos a poeira, e continuamos a caminhar. Há quem lhe chame vida. 

De henedina a 22.12.2015 às 21:08

Viva então.

De Fernando Lopes a 22.12.2015 às 23:53

É o que tento fazer. Todos os dias. 

De henedina a 22.12.2015 às 23:54

Não vivemos todos os dias, às vezes, apenas sobrevivemos ;).

De Fernando Lopes a 23.12.2015 às 00:01

Sobrevivência é uma ideia que não me é muito grata porque significa que se sobreviveu a alguém. Se que vivemos um tempo de darwinismo social, mas não me adapto a ele.

De henedina a 23.12.2015 às 00:10

Quis mesmo dizer sobreviver...
Eu acho que sobreviver é viver mal...

De henedina a 22.12.2015 às 00:12

O comentário anterior é meu.

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