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O Pretinho do Japão.

por Fernando Lopes, 5 Mar 14

Num tempo de falsos anacronismos, modernamente designados por vintage, em que o novo emita o velho não por saudosismo mas por moda, existem na velha urbe do Porto estabelecimentos que pararam no tempo, e bem. Há nomes, marcas, estranhezas que ficam na rectaguarda da memória e me surgem vivos como nunca.

 

Há uns meses depois de jantar no Antunes, na Rua do Bonjardim, quis verificar se ainda existia a mercearia fina, especializada em café «O Pretinho do Japão». A avó era cliente regular do estabelecimento, que moía café e o entregava nuns cartuchos de papel pardo com um logótipo que, se bem me lembro, era um adolescente preto encostado a um saco de café.

 

Apesar de ser já noite não resisti a espreitar: tudo está intocado como há quarenta anos, com uns enormes silos cuja utilidade desconheço, mas adivinho serão usados para armazenar grãos de café das mais distintas proveniências.

 

E haverá algo mais misterioso neste estabelecimento que o nome? Porquê «Pretinho do Japão»? Que significado oculto, jogos de palavras, desconhecimento geográfico, gerou esta marca que tanta estranheza causava a uma criança e ainda hoje surge como uma peculiaridade?

Fica o mistério, pois há factos que depois de desvendados cessam todo o seu encanto.

 

P.S. – O Pretinho do Japão era ao que parece um profeta do tempo de Bandarra. Quaisquer informações complementares terão a minha eterna gratidão.

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9 comentários

De JOSÉ RONALDO CASSIANO DE CASTRO a 26.02.2020 às 21:50

O Pretinho do Japão é citado, como profeta, em Ramalho Ortigão, As Farpas, Volume 6, cap. XIV, Lisboa, Editora Lisboa, 1887: "O frade lê alguns trechos das obras em voga: as histórias de Bertoldo, de Bertoldinho e de Cacasseno, o Lunário Perpétuo em que se tiram as sinas, as profecias da Madre Leocádia e do Pretinho do Japão"...

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