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O direito de morrer em paz.

por Fernando Lopes, 23 Ago 14

Leio no Público sobre a associação Dignitas e o suicídio medicamente assistido. Escapa à minha compreensão a polémica que possa existir em torno de alguém com uma doença terminal ou incapacitante seja impedido de decidir o momento da sua morte. Assisti à agonia do cancro ou Parkinson e numa situação idêntica gostava de poder decidir sobre a hora da minha partida. Nascemos porque alguém o escolheu por nós, porque se amou, até por mero acaso.  Uma vez que o direito à existência não foi opção nossa que o seja o direito à morte em situações de sofrimento e degeneração. 

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7 comentários

De .. a 23.08.2014 às 16:51

Concordo, consigo Fernando! Não pedimos para nascer... De certo modo tenha-se a possibilidade de decidir sobre a morte. E no entanto seria uma grande mentirosa se lhe dissesse que isto é pacífico para mim. Não, é! Um dia fiz um post sobre isto penso que nos blogues que tenho fechados e falei sobre o que me "dói" tudo isto e mais situações. Não devia! Trabalhei toda a minha vida em grandes hospitais. Lidei com a morte de perto. Desci com ela no elevador ao meu lado (infelizmente num de eles os corpos dos falecidos não tinham elevador próprio). Ouvi dores e gritos lancinantes de familiares. Tive de dar notícias infelicíssimas também. Chorei com muita gente que desconhecia. E vi muito, muito sofrimento. Inclusive ouvi pedidos de clemência a médicos com quem trabalhava e que o não podiam fazer por lei. E no entanto isto ainda me magoa tanto e provoca instabilidade que nem imagina! Mas sei no meu íntimo que é o melhor e as pessoas têm esse direito. Mas tal qual como na doação de órgãos... É terrível.  Quando a conversa envereda por aí, só me apetece fugir para não ter de me pronunciar. Porque o meu cérebro acha uma coisa e o coração totalmente díspar. è muito triste tudo isto. Um beijinho Fernando e um bom fsemana. Que tarde imenso todo este tipo de decisões e que não nos seja nunca preciso pronunciar é o que desejo. Seja para nós ou alguém que amamos! Tudo de bom!

De Fernando Lopes a 23.08.2014 às 19:48

Se trabalhou na área da saúde presenciou muito e mais intenso que eu. Tem conhecimento técnico e in vivo do sofrimento que certas doenças causam. Assistiu a pedidos para pôr fim ao sofrimento. Acha legítimo que em nome de uma moral judaico-cristã esse pedido seja negado? 

De Ricardog@mail.telepac.pt a 23.08.2014 às 17:13

... Aplica-se ao direito de viver em paz :) ... Abraços Camarada!!!

De Fernando Lopes a 23.08.2014 às 19:54

Sem dúvida. O título da posta é um trocadilho com uma canção de Victor Jara «El derecho de vivir en paz» de homenagem a Ho-Chi-Minh na altura da fé revolucionária em que os vietcong eram um símbolo da resistência ao imperialismo americano. Parece que foi há 500 anos que, ainda adolescente, acreditava nestas merdas.
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De Gaffe a 24.08.2014 às 16:05

Há,para minoriar o dilema, desde Julho de 2014 (embora a Lei seja mais antiga) a possibilidade de efectuarmos a DAV - "Directiva Antecipada de Vontade", que depois de aprovada por um médico devidamente credenciado se transforma em Testamento Vital. É útil e fácil. Basta que o interessado se dirija a uma sede de uma Agrupamento de Centros de Saúde  e solicitar a minuta da DAV, preenchendo-a como considerar conveniente e assinando-a presencialmente, ou enviar o documento com assinatura reconhecida pelo notário. Pode obedecer aos itens sugeridos ou ser um texto livre.
Ajuda imenso e é de certa forma tranquilizador.

De Gaffe a 24.08.2014 às 16:23

A "Diretiva Antecipada de Vontade" depois de transformadas em "Testamento Vital" é assinalada no registo informático do untente e é visível para qualquer médico do SNS ou privado, desde que isso o justifique. Em situações limite, o Testamento Vital guia o médico que obedece às vontades expressas do doente.
A angústia que referes é de certa forma atenuada por este direito.
:)

De Fernando Lopes a 24.08.2014 às 18:11

Este «testamento vital» é substancialmente diferente do direito ao suicídio medicamente assistido, apenas nos dá a opção de não permitir que a vida seja artificialmente prolongada, tratamentos experimentais, não ser submetido a reanimação, etc. É, de facto, um princípio. Já dei com o formulário na internet e vou falar com o meu médico sobre o tema.


Um abraço e muito obrigado pela partilha.

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