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Morto por dentro.

por Fernando Lopes, 30 Nov 15

Lentamente, apercebemo-nos que as palavras nada valem. Que a dor se instala e toma conta da alma. Há quem na angústia gere obras de arte, outros como eu, num exercício vão de onanismo tentam a catarse através de palavras, palavrinhas e palavrões que são imprestáveis. Quando algo se quebra em nós resta contemplar os cacos, como se uma visão externa se tratasse. Não existe remédio para esta ânsia de viver que tropeça nos sobressaltos da velhice. Melhor calar-me por ora, até que a vontade de viver e partilhar volte. Morram as ilusões, viva a ilusão!

 

Fecha-se temporariamente esta taberna, esperando que as obras de remodelação no taberneiro surtam efeito. Até sempre.

 

P.S. - Sem outras maleitas que não as da alma, agradeço a simpatia e carinho demonstrados. Porque sei que mesmo por entre o céu mais cinzento há sempre um raio de luz, não é isto um adeus, apenas um até breve.

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56 comentários

De Anónimo a 30.11.2015 às 23:27

Tenho-me sentido com alguma frequência assim, como o que descreves. Compreendo, portanto. Mas com pena minha que te leio no meio do mar frequentemente (agora do outro lado do mundo) sendo os teus posts uma companhia e a prova da existência do humor, da decência, desse teu linguarejar tripeiro e irreverente.


Passei por um período assim ao longo do Verão, de um certo desânimo e de sobrecarga de trabalho. Não sei se ajudará no teu caso, mas a melhor terapia que encontrei foi uma bicicleta de corrida. As encostas a norte de Oslo são tramadas mas depois da subida inicial que paraíso de florestas e prados, lagos e escarpas, sol e chuva...


Espero que o interregno seja curto, que voltes à escrita e ao contar do teu Porto.


Com um abraço de cá,

De Fernando Lopes a 01.12.2015 às 19:43

Soliplass , é uma verdadeira honra ter-te pelo estaminé, porque muito acima da escrita brilhante, admiro o homem.


Abraço.

De soliplass a 02.12.2015 às 00:08

Não é honra nenhuma, antes pelo contrário. Venho aqui com olhares de mendigo...


Creio que é numa biografia de Trygve Brateli (aquele que foi primeiro-ministro da Noruega no íníco dos anos 70 e que tinha passado pelo campo de concentração nazi de Sachsenhausen no seu périplo de prisioneiro de 43 a 45) que se conta que os prisioneiros que levavam colegas de cativeiro em estado terminal aos cuidados médicos no vilarejo próximo do campo procuravam nos cidadãos alemães com quem se cruzavam um olhar que fosse onde pudessem ver compaixão. Era importante ver em alguém um sinal de que continuavam humanos, que alguém se apiedava deles, que ainda inspiravam compaixão. 


O que escreves (se eles o pudessem ler nesse passado longínquo já e tão recente) poderia ser um substituto digno do olhar que procuravam no rosto de estranhos.

De Fernando Lopes a 02.12.2015 às 19:13

Obrigado companheiro, é dos comentários que mais me sensibilizou. Mas como sabes, a compaixão, o coração e os seus desatinos são simultaneamente a minha maior força e fraqueza. 

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