Diário do Purgatório © 2012 - 2014
Powered by SAPO Blogs | Design by Teresa Alves | © CREATIVE COMMONS - 4.0
Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]
"Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better."
por Fernando Lopes, 27 Fev 17
O meu amigo a pedir a benção.
Saberá a freguesia mais regular e atenta que, de quando em vez, refugio-me na minha casa da aldeia. O meio tem as suas idiossincrasias, como o facto de o alcoolismo ainda ser considerado «normal», ou coexistirem cerimónias ancestrais como a desmancha do porco ao som de música pimba vinda de uma coluna bluetooth. De minha casa ao café do Cunha, o único restaurante e centro de convívio, serão mais de mil metros a subir e descer.
Tomo o pequeno-almoço e logo à saída de casa me convidam para uma febra e um copo de vinho. Abdico da febra e como um naco de broa e um copo de verde branco. Na terra, quando o vinho é para consumo próprio ninguém lhe junta sulfitos, o que faz com que o vinho branco em contacto com o ar rapidamente oxide, e ganhe uma cor escura. Dez minutos de conversa sobre as agruras da cidade, como fugir das patroas, figuras que inspiram temores profundos e parecem ter sido criadas para nos atazanar a cabeça. Nisso, a cidade e o campo são mais semelhantes que o que se pensa.
No percurso, travei-me de amizades com um cãozito arruivado e a dona. Viúva, sexagenária e sozinha, aproveita a oportunidade para por a conversa em dia. O raio do cão, ainda mais carente de mimos que eu, sente-me o cheiro a mais de duzentos metros e desata a ladrar com entusiasmo.
Não sei porquê, mas a escassa iluminação pública é desligada à meia-noite. Como vou ter a eternidade para ficar no escuro, ligo um trio de lâmpadas de baixo consumo que transformam a casa no único local iluminado num raio de quilómetros.
- Já sabia que estava cá, o sr. deixa sempre as luzes ligadas.
- São lâmpadas que gastam pouco, e como acordo a meio da noite para fumar um cigarrito, gosto de ter luz, justifico-me.
As nossas casas distarão quatrocentos metros em linha recta, e, por estranho que pareça, a sra. pareceu sentir-se reconfortada por ver alguma luz no escuro da noite. Coisas aparentemente sem valor como deixar luzes de presença acesas, pode de estranho modo, dar a alguém a sensação de que está menos só.
Interessante chegar aqui anos mais tarde aqui e pe...
Achei muito interessante atualmente esta sua posta...
boa tarde , estive neste sitio esta semana e pergu...
O Pretinho do Japão é citado, como profeta, em Ram...
Filipe de sabes de quem e do quê.
P.S. Existe uma pulga que tem a mania que é cadelinha mastim no andar de baixo. Mesmo quando lhe são dadas festinhas ladra como uma avantesma com cio. Estou fodido!