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Indulgências grátis e com data de validade.

por Fernando Lopes, 4 Set 15

Sempre estranhei o entusiasmo que o Papa Francisco gerou entre as boas gentes de esquerda. A igreja católica não passa de uma grande corporação, gerida por pessoas extremamente conservadoras, em perda acentuada de clientes e consequente receita nas regiões mais ricas do globo, com uma imagem danificada por causa dos casos de pedofilia, absolutamente inadaptada aos dias que correm.

 

Como a filosofia nasceu das reflexões ociosas de ricos comerciantes, a igreja católica só medra quando a pobreza é acentuada. Fornece um bem barato e intangível, esperança.

 

Na reunião do conselho de administração que elegeu o papa Chico foi decidido que face a todos estes problemas era necessário melhorar o marketing católico. É isso que é este papa, um bem conseguido produto publicitário que tudo muda para que tudo fique na mesma.

 

A prova disso é a modernização do conceito de indulgência, em que um papa descentralizador permite um subproduto do perdão para as mulheres que abortaram. Atenção, a promoção só é válida durante um ano, depois disso o prazo expira.

 

Tem a intelligentsia católica explicação para tudo menos para o fundamental: o perdão devia ser a regra, não a excepção.

 

Uma maioria esmagadora das mulheres não aborta porque lhes apetece, mas por dificuldades familiares e económicas, pelo que este perdão é como as promoções cruzadas do Continente e GALP. Pura manobra publicitária para enganar os incautos.

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9 comentários

De Maria Alfacinha a 04.09.2015 às 07:30

Eu sou daquelas pessoas que acha que Francisco está a fazer alguma coisa para "modernizar" a grande corporação - muito bem dito - que é a igreja. As indulgências são coisa baforenta que, não há muito tempo, até eram vendidas. Ainda acho que o homem está a fazer o que pode com aquilo que lhe tem. Há coisas, como esta em concreto, que são atabalhoadamente encaixadas num plano que, não tenho qualquer dúvida, ele tem. Para mim, como não me afecta a noção de pecado, nem o que a Igreja "pensa", também não me incomoda a indulgência ou o perdão que concede. O baralho de cartas deles é diferente do meu: jogam com cartas que não conheço. Mas ainda bem que as jogam :-)  

De Fernando Lopes a 04.09.2015 às 07:40

Sou cínico por natureza, acho que as atitudes do Papa correspondem mais a uma necessidade que a um desígnio. Modernizar-se para sobreviver.

De Maria Alfacinha a 04.09.2015 às 10:46

E achas que a Igreja corre o risco de morrer? 
Náaaa... aquilo tem alicerces à prova de tudo :-)

De Fernando Lopes a 04.09.2015 às 13:06

O engraçado é que como dizes no teu primeiro comentário, o baralho dos crentes é diferente do da doutrina. A doutrina católica, face à sua pouca adaptabilidade aos tempos modernos, é muitas vezes ignorada pelos crentes que acham isso perfeitamente normal. Eu, ateu confesso, acho estranho que alguém esteja com uma instituição e não lhe siga as regras, ou as molde às suas necessidades e convicções. Talvez seja esse o segredo da sua durabilidade: os crentes ignoram parte das regras, a igreja olha para o lado face a esta «indisciplina». 

De Maria Alfacinha a 04.09.2015 às 13:14

Ahahahaha e são felizes para sempre?

De pimentaeouro a 05.09.2015 às 23:35

Nos problemas essenciais, papel da mulher na Igreja, dogmas doutrinais, etc., fica tudo na mesma. 

De Fernando Lopes a 06.09.2015 às 00:09

Precisamente o que eu penso. 

De Suricate a 07.09.2015 às 09:27

Eu que não sou nada, acho que o Francisco é um homem bom metido numa alhada do catano! Enquanto houver padres, bispos e por aí fora a serem mudados de paróquia quando se lhes descobrem os "pecados"...estamos conversados no que concerne à sua tão apregoada "coragem"...

De Fernando Lopes a 07.09.2015 às 12:28

Tentar mudar uma estrutura tão pesada, tão resistente à mudança, implica mais que um homem com boa-vontade, requer uma mudança profunda de mentalidade dos que estão «lá dentro». Não me parece que seja fácil tal acontecer.

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