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Gaia, a terra onde até o GPS se perde.

por Fernando Lopes, 3 Abr 16

Cada vez que tenho de ir a Gaia todo eu tremo. Criado do outro lado do rio, basta-me atravessar a ponte e andar meia-dúzia de metros para ficar perdido. Conheço muito boa gente nada e criada em Gaia, nada me move contra os gaienses, mas as ruas senhor, porque as fizeste tão desordenadas, caóticas, labirínticas?

 

É aquele sítio onde vejo o El Corte Inglés e não consigo descobrir como se entra para o edifício. Hoje mais um episódio. A filha ia jogar paintball perto da entrada da cidade. Meto a rua no GPS e este indica-me a descida para a Afurada. Sigo cegamente a coisa e vou dar à dita rua, mas esta não tem saída. Às arrecuas faço o caminho inverso e pergunto a uns homens num café onde fica a rua coisa e tal.

 

- É esta, mas o sítio que procura deve ser naquela passagem acima que é a mesma rua. Olho para o alto e «a mesma rua» está num plano elevado uma dúzia de metros acima. Haverá outra terra com a mesma rua a existir em dois planos paralelos com uma separação de altura de mais de 4 andares de diferença?

 

O deus do caos urbanístico andou por Gaia, gostou tanto, que por lá assentou residência permanente.

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9 comentários

De Um Jeito Manso a 03.04.2016 às 23:14

Olá Fernando,


Já me ri com isso. Lembrei-me que uma vez, em Gaia, à procura já não sei de quê, numa era pré-GPS, de mapa em punho, lá fomos no carro. Não havia sinalização, não víamos o nome das ruas, as coisas pareciam não bater certo. Já desnorteados, parámos a perguntar e sai-me um senhor gago, gago, gago. Até tomava balanço antes de começar a falar. Com sotaque cerrado, gago até dizer chega e a falar-me de lugares de que eu nunca tinha ouvido falar, começou a dar-me uma daquelas vontades de rir que me tiram o discernimento... No banco de trás os meus filhos já se rebolavam a rir, o meu marido fazia-me sinal para eu encerrar o assunto mas, de cada vez que queria falar para dizer 'deixe lá...', vinha-me uma vontade de rir descontrolada. Já nem sei como consegui calar o senhor. Não percebemos uma. Depois, lá fomos já sem saber onde estávamos, o meu marido já arrependido de por ali se ter metido. Mas lá o convenci de que deveríamos estar quase lá. Parámos e voltei a perguntar a uma senhora. Diz-me ela também naquele típico sotaque cantado: 'É já ali em baixo, por aquela rampinha'. Lá fomos. E às tantas estávamos metidos na dita rampinha: numa rua muito estreita, íngreme, assustadoramente íngreme, só com um sentido. O meu marido já furioso, que eu é que fazia meter-se naqueles apertos, o carro quase a roçar nas paredes. Um horror. Vi jeito de não conseguirmos sair de lá, de termos que ser içados. Ainda hoje nos lembramos da 'rampinha'.


E já nem me lembro se demos com o que queríamos...

De Fernando Lopes a 03.04.2016 às 23:25

Nunca soube bem as razões para aquele caos. Nos anos 80 quando começou a compra de casa própria era - ainda é - um dos locais mais acessíveis dentro do grande Porto. Instalaram-se lá muitas famílias e o sítio cresceu à medida das necessidades habitacionais, sem planeamento. Havia terreno, construía-se um prédio, de tal forma que apesar de tentativas de reordenação, o que nasce torto, tarde ou nunca se endireita. Hoje, vi-me numa dessas «rampinhas» com 5 cms para cada lado do espelho. Posso quase garantir que a sua ainda lá está, intocada. :)

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