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Food for tourists.

por Fernando Lopes, 29 Mar 17

A «barcelonização» a que o Porto e outras cidades nacionais têm sido sujeitas fez com que qualquer cão ou gato se ache habilitado a abrir restaurante ou similar. Tal tem provocado que em muitos dos restaurantes, hamburguerias, pizzarias e quejandos, a qualidade da comida, e principalmente do serviço, seja abaixo de medíocre. Três exemplos recentes: perto do Teatro Carlos Alberto abriu uma hamburgueria moderna. Serve dois mini hamburgueres, opções várias por preço em conta. O conceito é interessante mas, para meu mal, não como conceitos. Demoraram uma hora (sessenta minutos) a servir um menu composto por dois pequenos hambúrgueres e meia-dúzia de batatas fritas, não sem antes me questionarem três vezes sobre o pedido. À terceira, quarenta e cinco minutos passados do pedido original, não me contive:

 

- Ou me traz a porra dos hambúrgueres depressa ou ainda leva com o tabuleiro.

 

Ontem, numa churrascaria da Rua do Paraíso, um menu a armar ao fino, com javali e fófófó. Pedi uma alheira com salada mista. A alheira era do tamanho da pila de um chihuahua, a salada, literalmente a boiar em azeite e vinagre. O preço, uma exorbitância para a qualidade. O empregado de mesa parecia uma versão da «Família Bellamy», no orginal «Upstairs, Downstairs», subindo e descendo as escadas não entendi bem porquê, o elevador da comida estava a funcionar. Suponho que a vergonha o fizesse ausentar-se o máximo de tempo possível.

 

Hoje vou a uma padaria/pizzaria, com o intento de comer uma sandes rápida. Pedi uma americana. Abro o pão e tomate não havia, ovo também não. Chamei o emprego e expliquei-lhe os complexos ingredientes que compõem o que os americanos chamam «sanduíche nacional».

 

Não adianta ter bonitas fotografias da comida e da cidade se não se sabe o que se está a fazer. Mesmo que os turistas de pé-descalço que nos visitam se contentem com qualquer coisa, perde-se o cliente nacional. Não se pode ter uma boa ideia – como a do primeiro restaurante referido – e depois assassiná-la com atendimento e cozinha incompetente. A restauração não é refúgio de amigos, imberbes, criação de emprego para quem não é da área. Ou se é profissional ou se trabalha para atingir níveis de qualidade acima da média, caso contrário é melhor estarem quietos.

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13 comentários

De Gaffe a 29.03.2017 às 16:38

Às vezes tenho medo que o Porto se torne num medonho DisneyWorld de pacotilha. Um parque temático sem tema que o salve. 

De Fernando Lopes a 29.03.2017 às 16:53

Estamos muito perto disso, minha querida. Uma espécie de tasca-museu, visitada por gente que não sabe apreciar nem uma coisa nem outra.

De Alice Alfazema a 29.03.2017 às 16:43

Eu hoje no meu Bufete, tinha umas maravilhosas sandes de delicias do mar, com ovo cozido e maionese qb, com colcha (porque fica por cima) de alface e palitos de cenoura. Para sobremesa: requeijão de ovelha com doce de abóbora ou pêssego. :) 

De Fernando Lopes a 29.03.2017 às 16:56

Digno de uma tasca gourmet e provavelmente mais barato.

De Alice Alfazema a 29.03.2017 às 17:18

1.10€ a sandocha e 0.70€ a sobremesa. Image a 0.50€

De Fernando Lopes a 29.03.2017 às 17:41

Quase tão bom como a tua definição de rissól.

De Fernando Lopes a 29.03.2017 às 17:50

Rissol sem acento. Bendito telemóvel, tem mente própria. :)

De redonda a 29.03.2017 às 19:58

:))) o que é  fófófó.?

De Fernando Lopes a 29.03.2017 às 20:07

Fófófó é um sinónimo antigo de XPTO, a armar ao cagaréu, etc, etc.

De Anónimo a 30.03.2017 às 09:41

Devias vir comer onde vivo e vias o que era verdadeira comida para turista...
Sardinha assada com batatas fritas é quase uma instituição
Tem um bom dia e um bom almoço!
MM 


De Fernando Lopes a 30.03.2017 às 10:34

Calha mesmo bem, sardinha e batata frita. :) Há mais de um ano que ando a dizer que temos de ter turismo sustentável e um entidade local fiscalizadora de alojamento e restauração. É como a história do português que ficou rico quando abriu uma padaria de pão quente. Passados poucos anos existiam mais de 50. 

De Anónimo a 30.03.2017 às 14:38

Ire-mos todos, certamente, ter saudades de tascas. Quando voltar ao Porto vou com cartazes revolucionários e um megafone que debitará palavras desordeiras.
Filipe estejam comigo e que a psp seja meiga

De Fernando Lopes a 30.03.2017 às 15:40

Ontem à noite correu-me muito bem: pataniscas na «Rosa das Iscas». Uma cena com paparoca à moda antiga. 

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