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Fazer as pazes com o tempo.

por Fernando Lopes, 29 Mar 15

salvador-dali-1024x853.jpgFragmento de «A Persistência da Memória» de Salvador Dali

 

Envelhecer é processo lento e doloroso. Não sei se desejava permanecer eternamente jovem ou se deva conformar-me com a degradação, a marcha imparável dos dias, meses, anos, que se acumulam e atropelam, fazendo o melting  pot a que chamamos experiência.

 

De algo tenho razoável certeza; permanecemos mais ao menos os mesmos passe o tempo que passar, e colocamos o que vivemos em perspectiva, atribuindo às glórias e fracassos o verdadeiro valor que têm: muito pouco.

 

Chegar à meia-idade é isto, saber-se que existe sempre estrada pela frente e que se já não a podemos abordar a passo de corrida, caminhar acelerado nos conduzirá com a mesma eficácia. É fazer as pazes com o tempo, aceitá-lo, não com conformismo mas como um companheiro de percurso omnipresente. Não confrontá-lo, resistir-lhe ou ignorá-lo, apenas ter consciência da sua presença. Saber que há um tempo, o nosso, que um dia parará, e viver com isso sem que tal confrangimento nos faça parar de viver.

 

(*) Post com origem numa pequena conversa com a Carla.

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9 comentários

De golimix a 29.03.2015 às 21:22

Andas inspirado! Muito bem Image

De Fernando Lopes a 29.03.2015 às 21:50

Eu ando inspirado ou tu benevolente? Inclino-me mais para a segunda hipótese.
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De bloga-mos a 30.03.2015 às 17:40

Cedofeita sempre foi lugar pródigo para velhotes de mãos dadas e depois felizmente dá nisto...

De Fernando Lopes a 30.03.2015 às 20:04

Um antro de perversão sénior, e agora com a polícia fechada... 

De pimentaeouro a 31.03.2015 às 01:38

Tenho escrito alguns posts sobre a velhice. Existem muitas ideia feitas, de quem não é velho, sobre a velhice.
Velhice é, principalmente, doença, dor, dependência, etc., com poucas excepções.
A natureza diminui aos velhos a memória de curto prazo e aumenta a memória de longo prazo, quarenta anos, cinquenta anos.
Os problemas de  que noutros tempos foram importantes deixam de o ser.
Muita coisa haveria para dizer, talvez noutra ocasião.

De Fernando Lopes a 31.03.2015 às 07:56

Neste caso escrevo mais sobre a fase em que me encontro, a meia-idade. Aprendi a respeitar e valorizar a experiência dos mais velhos, e estou bem consciente dos problemas que refere, aliás vivo-os através de familiares.


Abraço.

De Carla a 31.03.2015 às 16:13

Não me digas que falar de roupa no estendal deu-te para a reflexão!! :D


Ó homem! Os homens querem-se bem depois dos quarentas. Quem é que resiste ao charme das primeiras rugas e dos cabelos brancos? Homens que são homens e não garotos mimados, sem nada na cabeça. Eu, pelo menos, tenho muita dificuldade em resistir.

De Fernando Lopes a 31.03.2015 às 18:57

A juventude tem uns encantos, a meia-idade outros, mesmo a velhice traz algo de bom. Habituei-me a viver neste meu tempo embora na cabeça me sinta com frequência um puto de 20 anos. E olha que a maturidade não está directamente relacionada com a idade, há quarentões e mais completamente infantis.


P.S. - A reflexão veio após a nossa «conversa» sobre o carrossel dos afectos.

De Carla a 31.03.2015 às 23:37

P.S. lembrou-me aquele célebre acontecimento: Guter... Gondomar! Gondomar! :D

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