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Eutanásia animal.

por Fernando Lopes, 10 Fev 18

Não tenho nenhuma certeza, sequer opinião, sobre eutanásia, excepção à minha, que tenho a ideia de praticar se algum dia a dor se tornar insuportável. Mas pode acontecer de me acobardar, agarrar-me à vida, a uma esperança inexistente.

 

Há uns anos tive de pedir que abatessem o meu cão, Fred de seu nome, que me acompanhou durante treze anos. Não estive com ele nos momentos finais, fugi dali a chorar. Hoje foi a vez do Lucky, um dogue alemão de catorze anos, cão da minha sogra. Como ninguém tinha coragem para o acompanhar, voluntariei-me. Nem um grão de arrependimento. Ao contrário do Fred, que estava catatónico, o Lucky ainda estava orientado. Reconheceu-me, lambeu-me as mãos, tentou deitar-se de barriga para o ar para lhe bater na peitaça como costumava fazer.

 

Decidi não chorar ou ser dramático. Afaguei-o, disse-lhe que era um cão grande e tonto, chamei-lhe feioso, exactamente como ele gostava que o mimassem num dia de sol.

 

Não houve drama, morreu sendo acarinhado e ouvindo-me murmurar-lhe ao ouvido – Lindo menino, o Lucky é lindo. Se passasse pelas mesmas circunstâncias, fá-lo-ia de novo. Partiu para o céu dos cães e deve estar nas correrias com o Fred.

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28 comentários

De Helena a 12.02.2018 às 10:03

Há dois anos, por sugestão do veterinário, tive de mandar praticar eutanásia na minha cadela de 9 anos, a Flausina. Provavelmente era mais velha, fui busca-la a um canil e disseram-me que tinha 5 anos, mas dado começar com tantos problemas de saúde quatro anos depois, poderia ser mais velha. Era um membro da família, o animal mais doce e querido que eu já vi. Ficou paralisada, já não andava, não podia ir à rua (tumor na coluna...). Não consegui acompanhá-la nos seus momentos finais. Fiquei a chorar, à espera, na sala de espera do veterinário. Até hoje me arrependo de não ter estado com ela naquela altura, a segurar-lhe a patinha e a dizer-lhe as coisas que você disse ao seu cão. Sofremos mais por não os acompanharmos do que a fazê-lo. Se fosse hoje, não hesitaria. 

De Fernando Lopes a 12.02.2018 às 19:22

A vida é um processo, aprende-se. Se tiver de ser terá oportunidade de encarar as coisas de modo diferente. Sem remorsos.

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