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Em Abu Dhabi, sê Abu Dhabi.

por Fernando Lopes, 17 Ago 18

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Mesquita Sheikh Zayed, Abu Dhabi

 

Chegado aos Emirados Árabes Unidos, e após um dia de descanso, fomos a Abu Dhabi. Contrariamente ao mega-moderno e cosmopolitano Dubai, Abu Dhabi fez-me lembrar aqueles ricos de enésima geração, discretos, tranquilos, que gozam o luxo com discrição, sem exibicionismos e kitsch. Para qualquer leigo, o melhor hotel dos Emirados, a coqueluche do luxo, é o Burj Al Arab. Nada disso. É um hotel com um design peculiar, para se assemelhar com a vela de um dhow, uma embarcação local. A sua construção custou apenas 650 milhões de dólares, uma ninharia quando comparado com o Emirates Palace e o custo de mais de 3.000 milhões de dólares. É de uma arquitectura tradicional ainda e – se isso é possível – mais luxuoso que o seu irmão do Dubai. A plebe como eu, normalmente vê-o de fora, mas como se tratava de uma simples família proletária, o guia conseguiu entrássemos. Não sei como são os quartos, mas um lobby com mais de 2.000 m2, mármore de Carrara por todo o lado, relógios de parede da marca Rolex, revestidos a ouro. Muito luxo para um parolo como eu.

 

Para visitar a mesquita Sheikh Zayed, as meninas tiveram de se vestir conforme a tradição local. Abro aqui um parêntesis para referir que não senti que as mulheres dos emirados entendessem o uso da abaya como restritivo. Uma vez que quem a usa são as mulheres emirati, é, além de uma indumentária de acordo com a tradição islâmica, um sinal de classe, de casta. Mulheres muçulmanas pobres não usam abaya, ficam-se por roupas discretas e um lenço a cobrir a cabeça. A abaya diz: sou emirati, sou dos 20% da classe alta, dos que têm cidadania dos emirados.

 

O respeito pelos costumes, pela individualidade, é muito bonito, mas causou-me grande transtorno ver os pais a brincar na piscina com as crianças, e as mulheres todas encafuadas de preto a assistir à diversão dos outros. Num hotel repleto de estrangeiros, não entendi porque razão os árabes não deixavam a «arabice» à porta e diziam à patroa: - Ó filha, veste um biquíni e anda dar um mergulho que aqui ninguém nos conhece e água está fresquinha.

 

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6 comentários

De Henedina a 19.08.2018 às 01:16

Também não entendo

De Fernando Lopes a 22.08.2018 às 23:25

De Anónimo a 22.08.2018 às 16:41

Ou seja, sê até certo ponto...noutras não e ainda bem.
~CC~

De Fernando Lopes a 22.08.2018 às 23:28

É difícil para um europeu compreender as idiossincrasias árabes. Tive uma troca de pontos de vista com um guia muçulmano, mas cada um ficou na sua. Para um sociedade como a nossa, que julgo de essência matriarcal, é complexo entender o outro, mesmo carregadinho de boa vontade.

De alexandra g. a 23.08.2018 às 01:51

é, Fernando, a nossa é de essência absolutamente matriarcal, mas no pior sentido da palavra: forma exércitos de machistas (e já levei muita porrada por dizer isto). A outra, aquela na qual passaste uns dias de férias, não a compreendi ainda pois que por nunca por lá passei, mas 

De Fernando Lopes a 23.08.2018 às 18:12

Alexandra,
Eu diria que forma exércitos de inaptos, não forçosamente machistas. Eu, me confesso.
Aquilo é outra dimensão, não tem só a ver com machismo mas também com questões de classe.
Beijo. Grande.

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