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Da lisonja.

por Fernando Lopes, 16 Nov 18

Caros amigos com ambições a um lugar mais brilhante na vossa empresa: a graxa está out, a lisonja está in. Dir-me-ão que as duas são mais ao menos a mesma coisa. Embora substantivamente sejam iguais, a lisonja é mais eficaz porque joga com as inseguranças do artista a que ambicionamos dar lustro. Elogiemos pois o raciocínio arguto do nosso chefe, o seu brilhantismo face aos seus pares, as notas escolares da sua prole, a elegância magnífica da sua consorte. Tudo vale. Detectar a graxa é relativamente simples, muitas vezes óbvio. Já a lisonja pode ser direccionada ao elevado estatuto ético ou resiliência à adversidade do visado. É mais subtil, mais abrangente. Tenho notado gente consideravelmente inteligente a cair na esparrela. Para não ser sensível à lisonja o objecto da mesma terá de ser dotado de um «dinossáurico» espírito de auto-crítica. Afinal, o teu chefe tem medo que não gostem dele, de ter feito merda, de não ser merecedor do lugar que ocupa. Utilizar esta insegurança inerente a todo o ser humano, afagar não só o ego, mas toda a envolvente da vida de alguém que te chefia, é como o código postal, meio caminho andado para uma promoçãozita. Devem existir chefias altamente auto-críticas, só que ainda não conheci nenhuma. Pela inerência do lugar enfatuam-se, as mais das vezes sem razão para tal. Agora ide e praticai esta nobre arte, pois se não o fizerdes alguém o fará por vós. O tempo em que ética e carácter eram determinantes num percurso profissional, ficou bem lá atrás, aprisionado nos idos de 90.

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28 comentários

De Alice Alfazema a 16.11.2018 às 19:34

Já tinha saudades da tua escrita. :)

De Fernando Lopes a 16.11.2018 às 19:43

Obrigado, Alice. Mesmo.
Em attach vai uma bejufa repenicada. :)

De Alice Alfazema a 16.11.2018 às 20:34

Outra para ti

De Gaffe a 16.11.2018 às 20:02

Meu querido amigo, 
Até Deus gosta de ser lisonjeado. Afinal o que são as orações?

De Fernando Lopes a 16.11.2018 às 23:40

Sempre certeira, Gaffe. Por essas e outras é que tenho uma relação complicada com o divino. 

De alexandra g. a 16.11.2018 às 22:13

tens toda a razão, mas eu, trabalhadora-estudante, dei umas voltas com o meu patrão, um catedrático, adorava-o, ele a mim, as afinidades eram imensas, separavam-nos 20 anos, que nos complementaram.


anos? noventa! :)
(nem tudo é linear, mon ami :)*

De Fernando Lopes a 16.11.2018 às 23:41

Nunca nada é linear, então no amor é melhor nem falar. :)*

De soliplass a 17.11.2018 às 15:06

Ora bem vindo seja às lides blogosmáticas, que saudoso andava de bosselência.


Mas isso do lisonjeio no fundo é a modos que graxa a pender pró eufemismo. Mudança de sinónimo, verve mais elaborada, sem a imagem da genuflexão aos pés da sumidade, escova e pano no sapatinho?

De Fernando Lopes a 17.11.2018 às 19:48

Sempre a considerá-lo sr. dr. soliplass. Digamos que uma versão sofisticada e mais abrangente da vulgar graxa.
- Os filhos do sr. são crianças educadíssimas, e a sua esposa estava deslumbrante, se me permite.
Topas?

De Anónimo a 19.11.2018 às 11:07

A verdadeira "pinta" reside em lisonjear os subalternos para que trabalhem mais e melhor sem aumentos salariais pelo meio.
Filipe que já foi chefe  

De Fernando Lopes a 19.11.2018 às 18:32

Isso nem é preciso lisonja, basta uma qualquer cenoura imaginária e correrão atrás dela como se não houvesse amanhã.
Fernando que não vai em cenouras

De Carlos A. de Carvalho a 19.11.2018 às 13:31

Quanta saudade e quantos risos pelo que escrevestes . Aqui pela banda que moro os nativos dizem o seguinte : puxa saco e tiririca , não se planta nem se aduba , nascem espontaneamente . Quem sabe trabalha , quem não sabe chupa o pau do chefe e é promovido .  Será que dá para entender ? Saco tem o nome técnico de escroto , tiririca é um mato que toma conta de tudo e mata o que está em volta ,  pau do chefe , é isso mesmo que pensaram . 

De Fernando Lopes a 19.11.2018 às 18:34

É uma descrição bastante gráfica. Escreveu brilhantemente sobre isso o Miguel Esteves Cardoso. Clica para ler. 

De Anónimo a 19.11.2018 às 16:56

Acho indecente abandonares os teus leitores durante tanto tempo...e isto não é graxa, nem lisonja. É saudade de te ler...

MM

De Fernando Lopes a 19.11.2018 às 18:35

Obrigado, as amizades são assim mesmo, acham graça até ao que a não tem.
Beijo.

De Henedina a 07.12.2018 às 02:44

Olá Fernando, passei por aqui para lhe desejar um feliz Natal e, feliz coincidência, tinha um post que espelha tão bem o que se passou ontem na minha vida que a ideia parecia minha o excelente estilo só podia ser o seu

De Fernando Lopes a 10.12.2018 às 22:43

Henedina, antes de mais as minhas desculpas pelo tardio da resposta, e obrigado.
Um feliz Natal. 

De Henedina a 07.12.2018 às 02:45

E não é lisonja

De alexandra g. a 15.12.2018 às 21:39

Mexe-te, há um monte de coletes blogueiros à tua espera! C'mon, nice n' easy, não custa nada :)

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