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Cordeiro em pele de lobo.

por Fernando Lopes, 7 Mar 16

Ali para os lados de Gonçalo Sampaio, entre o BCP e a AXA existe uma má rês, odiado e temido por todos, de moradores a comerciantes, passando pelos trabalhadores – devia dizer colaboradores – da zona. Muito alto, extremamente magro, dizem que rouba, vandaliza carros, que esteve preso. Não duvido que seja tudo verdade, o homem tem consigo aquele brilho do diabo, nunca se sabe bem o que dali pode surgir. Chama-se Fernando como eu e se a sorte me tivesse sido puta podia ser eu. Numa charla dei com ele a tentar vigarizar-me com o pedido habitual para comida. - Não me foda, detesto mentira. É para o álcool, não lhe minto. Com mais de 1,90, vinte centímetros acima de mim, é um cordeiro disfarçado de lobo. Temos respeito mútuo. Trata-me por senhor Lopes, trato-o sempre por você. Não há nada mais triste que os que senhores de alguma mediania financeira desatam a tratar por tu os que lhe estão abaixo na cadeia alimentar. Hoje, enquanto me cravava mais 50 cêntimos para um copito, vi as coleguinhas com os seus vestidinhos Zara e carteiras Louis Vuitton de fancaria a olharem para mim com ar horrorizado, como se o sol que banha aquele pobre diabo fosse diferente do que me alumia a ti e a mim. Gosto mais de marginais que de bancários, pelo menos sempre se sabe com o que se conta.

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8 comentários

De Inês a 09.03.2016 às 11:13

Já tenho pensado nisso. Se é para dar alguma coisa, que se dê. O que a pessoa vai fazer com isso não é da conta de quem dá. Vai beber um copo? Que lhe preste.
Agora, pseudo moralismos? Não vou nessa. No final do mês quando recebo o ordenado, quem me paga não sabe se o vou gastar em droga, jogo, roupa ou a governar o mês! Era o que faltava.
Quem quer dar alguma coisa a quem pede, ou dá de coração ou então que não dê nada. É melhor do que estar com cara de nojo a dizer que se for para vinho ou droga que não dá. Eu já fiz o mesmo e entretanto ... cresci! Achava que estava a fazer bem, mas um dia parei e achei que estava a fazer mal. Muito mal. Se quero dar, não tenho que saber para que é e fazer discursos moralistas. Eu sou uma das que dá a esse senhor quando por aí passo. Desde que possa, dou. Sem perguntas e sem discursos.
Beijinhos
Inês

De Anónimo a 09.03.2016 às 11:40

Hoje o grande Nando vai dar-me uma enorme oferenda: a sua companhia a correr e dois ou três cigarros. Dia ganho...
Filipe

De Fernando Lopes a 09.03.2016 às 18:58

My pleasure, Filipe.

De Fernando Lopes a 09.03.2016 às 18:57

Plenamente de acordo, Inês. Já aqui escrevi sobre isso, acho que o facto de dar deve ser generoso e desinteressado, não nos traz nenhuma superioridade moral sobre quem recebe, ditando-lhe as regras do jogo.


Beijo.

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