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Clientela habitual.

por Fernando Lopes, 4 Ago 16

Há muitos, muitos anos, antes de o turismo de massas ter tomado conta da ilha do Porto Santo, passei lá umas férias. O sítio era como gosto, uma calmaria total, restaurantes familiares que nos iam buscar e levar ao hotel, um ou dois bares onde todos se conheciam, o Manel da Carreta ainda não era atracção turística. Alugámos dois carros utilitários (éramos seis) para uns dias de passeio pela ilha. No turismo indicaram-nos um bar num planalto de onde se tinha vista para o aeroporto e para a pista, que naquele local cruza a ilha quase de uma ponta à outra. Nessa época não havia GPS, pelo que, guiados por mapas e questionando os indígenas, demos com o objectivo.

 

Era um sítio maravilhoso, oásis no meio da aridez da ilha, com árvores, pequenos lagos, peixes, patos e outras aves passeando-se por entre os escassos clientes.

 

Perguntamos ao proprietário porque não fazia publicidade. A resposta foi clara:

 

- Não quero cá muita gente, fazem barulho, estragam as plantas, não respeitam os animais, causam mais transtorno que proveito. Prefiro os clientes habituais e um ou outro que vêm cá por recomendação de amigos, são pessoas de confiança, respeitam a casa e o ambiente.

 

Dei por mim a pensar como isto se aplica a este blogue. Conheço os meus fregueses, as suas manias e eles as minhas, tratam-me bem, tudo funciona. Não quero cá muita gente, corre-se o risco de estragar o bom ambiente, afastar a clientela habitual, tratar mal este animal que vos escreve. O dono do bar estava certo.

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9 comentários

De Lucília a 07.08.2016 às 20:15

Aqui o dono do pardieiro não é armado ao pingarelho como alguns por aí, não! Gosto parece.me genuino

De Fernando Lopes a 07.08.2016 às 21:49

«Armado ao pingarelho» é uma expressão deliciosa, há muito que a não ouvia.
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De alexandra g. a 08.08.2016 às 01:57

Ora, c'um caneco.
Só fiz 2 anos de Letras e Literaturas e Assim e Uma Seca Que Nem Vos Conto.

Sinto-me... excluída (it's an injustice, yes, it is, eu até sei quatro coisas, pelo menos, acho que não era motivo para tanto, Belmondo :(

De Fernando Lopes a 08.08.2016 às 02:28

Cito de cabeça o meu professor de Lógica, Prof. Sardo, uma mente brilhante:
- Estudei numa das melhor universidades do mundo (Sorbornne), tive dos melhores mestres do mundo. Sabem para que é que isso me serviu? Nada! Não sei nada! :)

De alexandra g. a 08.08.2016 às 02:41

Precisely (ok, agora a sério, tenho carteira profissional, mas não interessa nada au PT, in PT, em PT).
Gosto do teu professor de Lógica. cheguei à FLUC com uma média do caralho e lembro-me bem das (poucas, sim, que eu sinto desde sempre um nojo imediato diante da falta de dúvida e da vontade de aprender, coisa na qual a FLUC, diga-se, pelo menos à época, era lugar exímio!) gajas de saia pelo joelho e salto alto (basta imaginar um anfiteatro Estado Novo e ver, em espiral descendente, as leituras da Maria & etc.).
Aqui a estúpida ainda se admirou quando, em espanto, as leitoras da Maria & etc., vociferaram no intervalo com as leituras obrigatórias (talvez 5..................................................................................................................................................................................................................................................................................... is this enough? :)


De alexandra g. a 08.08.2016 às 02:53

p.s. - esqueci-me de acrescentar que são todas professoras, hoje em dia (mesmo que tenham necessitado de 7 anos para fazer "aquela" cadeira e que ingressaram no ensino superior  com média de 9, talvez 10, na maioria dos casos,  ...)

De Fernando Lopes a 08.08.2016 às 07:48

Estavas à espera de na faculdade encontrar um mundo diferente do de cá de fora? Santa ingenuidade. :P

De alexandra g. a 08.08.2016 às 18:56

... só estava à espera que gostassem de ler e que soubessem falar, como qualquer taberneiro decente :D

De Fernando Lopes a 08.08.2016 às 19:15

Os livros dão imenso trabalho, têm imensas letras, significados dúbios, obrigam a pensar. Conversar é dar-se ao outro, um «dom» que nem todos possuem. Para quê, se está tudo nas vidas de plástico da «Caras»? 

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