Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Bacalhau demolhado.

por Fernando Lopes, 10 Set 14

Um retorno às coisas de antanho, rubrica já há algum tempo esquecida. Falava das mercearias finas da Rua do Bonjardim, do café moído na hora, dos pinhões com sabor, feijão fradinho e bacalhau demolhado. Os mais novos recordar-se-ão apenas do bacalhau Pascoal, vendido em em embalagens herméticas, asséptico e incipiente como a generalidade dos produtos que hoje consumimos. Os que têm mais de 45 anos terão provavelmente, a mando da mãe, recorrido à mercearia vizinha para comprar bacalhau demolhado. Numa situação de urgência, e não havendo tempo para tratar convenientemente o fiel amigo, recorríamos aos estabelecimentos gourmet da época, as mercearias. Numa bacia, mergulhadas em água, estavam postas do gadídeo, prontas a serem cozinhadas. Claro que isto aconteceu em tempos remotos, muito antes do higienismo fascista imposto pela ASAE. Exalavam um cheiro muito próprio que algumas almas maldosas associavam ao «perfume» da intimidade feminina. Tudo mitologia urbana. Como podem imaginar, fiquei ligeiramente surpreso quando o primeiro pipi com que tive contacto íntimo exalava agradável odor, ligeiramente perfumado, longe da intensa e azeda fragrância do bacalhau demolhado.

Autoria e outros dados (tags, etc)

6 comentários

De bloga-mos a 11.09.2014 às 13:28

O meu avô António dizia, quando lhe vinham com essas comparações odoríferas, " cada pitéu no seu lugar".

De Fernando Lopes a 11.09.2014 às 14:29

Um sábio.

De Paula a 11.09.2014 às 21:01

Sempre vale a pena trocar umas ideias com uma betinha.

De Fernando Lopes a 11.09.2014 às 21:06

Sou defensor acérrimo do diálogo interclasses, aprende-se tanto com o povo como com a burguesia. :)

De Anónimo a 12.09.2014 às 15:52

Olá Fernando
Suponho que estarias a ser irónico no teu último comentário... Parece-me um pouco pretencioso falar-se do povo e de uma burguesia, até porque há muito que não existe...nem a classe média  já existe neste país.
Quanto a cheiros da nossa infância, nunca esqueci o de uma fábrica de sabão que existia junto a casa dos meus pais, que quando o vento estava a favor, cheirava a queques acabadinhos de fazer...     
Bjs e bom fim de semana
MM

De Fernando Lopes a 12.09.2014 às 18:49

E supões bem. Há dois cheiros míticos na minha infância, o bom e o mau: o bom, o da sopa de rabo de boi, coisa que não como há décadas, o mau, o da «fábrica da tripa» em Matosinhos. Lembras-te?


Beijo.

Comentar post

Pesquisar

Pesquisar no Blog

Feedback