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Avô.

por Fernando Lopes, 17 Jun 15

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A breve troca de estórias familiares com a Gaffe e a  admiração que expressei pelo percurso sofrido e feito a pulso do avô trouxe-me à memória factos que julgava adormecidos. Recordo uma visita à secção em que trabalhava e onde, no dealbar dos anos 70, todos os relatórios eram escritos à mão. Vejo-o de colete e manguitos, como um copista, a redigir lentamente e com precisão. Relembro as suas amadas canetas de tinta permanente, instrumento de ganha-pão, que inadvertidamente foram com ele para a cova e hoje repousam juntamente com os seus restos mortais no ossário.

 

Uma infância de rigores marcou-o para sempre. Era um homem discreto que usava o dinheiro com parcimónia. Excepto um ou outro carrinho, os seus presentes eram sempre baseados na utilidade. Foi assim que aos 9 anos me ofereceu um dicionário de Inglês-Português. Como qualquer criança de tão tenra idade manifestei desilusão, procurou aliviá-la com a dedicatória acima. Era assim o avô.

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4 comentários

De Gaffe a 17.06.2015 às 21:11

A caligrafia do avô é como o desenho de uma viagem!

(Comoveu-me!)

De Fernando Lopes a 17.06.2015 às 21:21

É belíssima de facto, do tempo em que escrever era por si só uma forma básica de expressão plástica.

De Maria Alfacinha a 17.06.2015 às 23:09

Adoro avós... :-) O meu também tinha uma belíssima letra...

De Fernando Lopes a 17.06.2015 às 23:34

Há qualidade intrínseca aos avós: involuntariamente, mantém-nos prisioneiros da infância. :)

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