Saltar para: Post [1], Comentários [2], Pesquisa e Arquivos [3]

Analisando os elogios despropositados da minha amiga Alexandra num comentário ao post anterior, faço uma reflexão de quão diferentes são os tempos no que diz respeito ao que vulgarmente é conhecido como humildade. Quando era criança, quem tivesse melhores notas que os colegas não dizia nada, para não os embaraçar e para não ser considerado marrão. Hoje, desde o 1º ano que os miúdos são incentivados a gabar-se se o seu resultado supera os dos demais. É para os estimular, tornar mais competitivos, dizem. Quando era jovem, um tipo que se achasse mais inteligente, mais bonito, mais habilidoso que os outros era imediatamente votado ao ostracismo por quem realmente importava. Basta recuar uma década, e, na geração que me precede, gente com 45 ou menos, gabarolice é igual a auto-estima. Na vida pessoal ou no trabalho, muitos desses rapazes e raparigas têm um ego infinito, vangloriam-se de grandes e pequenas coisas. Tal não me é permitido pela minha esmerada e antiquada educação. Ainda preso à ética dos anos 70, mesmo que consiga algo façanhudo, - o que não me recordo tenha acontecido - procuro não fazer ondas. A malta mais nova tem a capacidade de fazer de um cagalhão um poema. Quem quer acreditar neles, vá em frente, para mim uma poia será sempre uma poia, mesmo quando lhe chamam trufa.

Autoria e outros dados (tags, etc)

12 comentários

De alexandra g. a 01.09.2018 às 00:34

"A malta mais nova tem a capacidade de fazer de um cagalhão um poema. Quem quer acreditar neles, vá em frente, para mim uma poia será sempre uma poia, mesmo quando lhe chamam trufa."


Olá trufa, daqui outra trufa :)


_____
yet, wrong!
a malta mais nova é, em bastos casos, extraordinariamente lúcida (talvez por essa razão se refugiem nas redes, num ou mais lados do labirinto "social"). 


umapoia não é uma poia não é uma poia não é uma poia.



De Fernando Lopes a 01.09.2018 às 10:58

As generalizações são ... blá blá blá. Como é óbvio escrevo sobre o micro-universo que me rodeia. Da gente mais nova que conheço e com quem lido, a maioria é auto-centrada, convencida, com um ego enorme. Vale o que vale.

De belitaarainhadoscouratos a 11.09.2018 às 15:34

É por estas e outras que gosto de vir aqui. Sinto-me em casa!

De Fernando Lopes a 11.09.2018 às 19:44

Thanks! És muito bem vinda.

De Anónimo a 03.09.2018 às 12:31

Gosto e interesso-me bastante pela mitologia grega e há um mito que espelha de certo modo o que se passa com os jovens de hoje. Narciso.
Tal como Narciso os jovens apaixonam-se pela sua própria imagem, esquecendo e desprezando todos os que os rodeiam. E o facequalquercoisa é a prova disso. Dezenas e dezenas de auto retratos, desculpa... "selfies". Será que uma próxima geração, poderá olhar um pouco menos para o seu umbigo?
Beijos e bom regresso ao trabalho :( 
MM

De Fernando Lopes a 03.09.2018 às 21:57

Não sei se é amor-próprio em excesso, ou falta do mesmo. Não serão as selfies produto da insegurança e vontade de agradar dos adolescentes, que os pais também copiam?

De alexandra g. a 07.09.2018 às 21:43

precisamente, os putos de merda que os "educaram"...

De Pequeno caso sério a 04.09.2018 às 11:41

Tenho 45 anos e divirto - me imenso a observar os "cagalhões" que me rodeiam. Têm a capacidade de me surpreender pois sempre que penso que atingiram o fundo do "penico", eis que me brindam com mais uma pérola. 
As poias convencidas que são trufas também me divertem muito. 
Na realidade, acho que tudo o que me rodeia me diverte.  Talvez o problema não esteja nem nos cagalhões nem nas poias. Talvez o problema esteja em mim que cresci com demasiados filtros que felizmente a idade vai desconstruindo e aproveito tudo o que é ridículo para me divertir.


Quanto à falta de - humildade de que falas, não sei se será característica geracional. Conheço cinquentões muito  cheios de si da mesma forma que privo com miúdos acabados de formar que se acham a ultima bolacha do pacote. 
Já eu, pertenço à uma geração de desconfiados que reage sempre de pé atrás a um elogio. É - me inato. Nada a fazer.

De Fernando Lopes a 06.09.2018 às 13:02

Essa desconfiança é um mecanismo de defesa de que também partilho, no meu caso mais associado à insegurança que a outros factores. 

De alexandra g. a 07.09.2018 às 21:46

querido amigo,


e não estará na atura de lidares com isso?
(digo eu, ao invés de criticares uma geração que, de facto, foi francamente mal educada - ea culpa não é deles, repara - e merece outro tipo de atitude, gesto, etc., da nossa parte?)

De Fernando Lopes a 09.09.2018 às 20:56


Minha querida, sou absolutamente seguro em relação às minhas inseguranças. :-)

De alexandra g. a 10.09.2018 às 15:46

a tua sorte é que és, efectivamente, culto, inteligente, atraente e... humilde (mas jamais será a tua humildade a retirar-te o resto do meu enunciado, assertivo e esclarecedor: até com a humildade que transportamos fazemos o que queremos, é sabido).


abraço, querido Ferdinand 

Comentar post

Pesquisar

Pesquisar no Blog

Feedback