Diário do Purgatório © 2012 - 2014
Powered by SAPO Blogs | Design by Teresa Alves | © CREATIVE COMMONS - 4.0
Saltar para: Posts [1], Pesquisa e Arquivos [2]
"Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better."
por Fernando Lopes, 12 Fev 16
Convenço-me que somos para as mulheres um mistério quase tão grande quanto elas o são para nós. Vem-se-me esta ideia pelo comentário de uma leitora que pensa que uma mulher que luta com afinco e paixão por um homem o atemoriza. Não posso falar pelos outros, acho-o generoso e estimulante.
Por simplificação de raciocínio e para gáudio das meninas dividamos o sexo masculino em dois grandes grupos: o cheio de si e o inseguro. O cheio de si acha-se bonito, inteligente, engraçado, uma bomba na cama. As mulheres são um complemento do seu enorme ego, agradam-lhe as que reúnam em doses iguais beleza e estupidez. São um ornamento com uso sexual, um sinal exterior da sua alfa masculinidade.
Depois há os outros em que me incluo, inseguros, desajeitados, um bocado parvos, sem desenvoltura na arte da sedução. Sendo tímidos e trapalhões desejam sobretudo quem os ame e acarinhe. Uma bela mulher é sempre uma bela mulher, no entanto valorizamos mais a cabeça que o rabo, a generosidade que a beleza. Precisamos de uma mulher que nos estimule intelectualmente e esse estímulo está directamente ligado ao sexo. Curto e grosso: não nos apaixonamos nem fodemos mulheres burras.
O que mais desejamos nesta meia-idade é alguém que nos cuide da alma e das suas cicatrizes, e isso só uma mulher inteligente pode fazer. A perfeição física, os dotes de fada do lar, são qualidades que procuramos bem menos que essa capacidade de amar, cuidar, entregar-se incondicionalmente. Um colo para repousar, uma boa cabeça para discussão interessante são bem mais importantes. Os cinquentões inseguros conquistam-se com a cabeça, não com um abanar de ancas.
por Fernando Lopes, 4 Out 15
Por razões que não vêm ao caso contacto com várias mulheres jovens, de 30, até 20 anos, idade para serem minhas filhas. O que vejo nelas em empenho, inteligência, ambição, capacidade profissional, contrasta quase sempre com as escolhas afectivas. Uma percentagem brutal destas jovens raparigas tomará conta deste país num futuro não muito longínquo. São mais bem preparadas, mais empenhadas, mais trabalhadoras.
No entanto, no que toca ao amor, são mais conservadoras que a minha mãe. Apaixonam-se por rapazes difíceis e optam quase sempre pelos certinhos. O tipo que é músico tem imenso charme, mas namora com o colega da faculdade. O maluco das motas é encantador, mas o outro é de boas famílias e com futuro promissor.
Miúdas em idade de seguir loucamente o coração, racionalizam a paixão, escolhendo sempre a carta mais segura, que não cause imprevisto ou trabalho. Confunde-me que seja assim aos 60, quanto mais aos 20. Faz parte da juventude o querer tudo, arriscar tudo, mais ainda quando se trata de paixão.
Ao optarem sempre pelo certinho em vez do bad boy, estão a seguir muitos dos caminhos desbravados pelas avós e mães para uma letárgica infelicidade permanente. Uma infelicidade previsível, num bom apartamento, com um homem em que se sublimam as escassa virtudes e olvidam os enormes defeitos.
Não sou conselheiro sentimental, nem para isso estou habilitado, mas do alto dos meus 50 continuo a preferir o amor ao conforto, o desafio à previsibilidade.
Serão estas mulheres as mesmas que Gil Vicente imortalizou na «Farsa de Inês Pereira»? Será que por algum estranho atavismo continuam a preferir «asno que as carregue que cavalo que as derrube»? Em 500 anos não mudaram nada, não aprenderam nada?
por Fernando Lopes, 27 Set 15
A tasquinha onde costumo tomar o pequeno-almoço, é agora propriedade de uma senhora de cinquenta e muitos anos. Absolutamente inexperiente na área, apesar de alguns tropeções iniciais, consegui adaptar-se ao negócio. Mas até num pequeno negócio se conseguem identificar tiques patronais, as empregadas que a auxiliam nunca são suficientemente boas ou competentes.
Em meia-dúzia de meses já por lá passaram três. A última era uma rapariguinha de vinte e tal anos, muito bonitinha e elegante. Parece que tinha formação em hotelaria e andava por ali temporariamente. Percebia da área, era educada e simpática. Cometia o pecado capital de ser jovem e bonita.
Alguns empregados de serviços e construção civil a fazer obras no local cortejavam-na discretamente. Nunca vi faltas de respeito ou piadas fora de contexto, certo é que ao final da tarde se juntava um pequeno grupo masculino com um olho brilhante centrado na rapariga.
Apercebi-me que isso causava desconforto na mulher mais velha. Foi despedida ou despediu-se, não sei bem.
Mais uma vez tomo nota que as mulheres são o principal inimigo das mulheres, sempre numa competição pela atenção dos machos, ser a fêmea-alfa, mesmo quando tal não se justifica. Estará aqui por certo uma das razões de os homens terem mantido domínio social durante tantos séculos.
por Fernando Lopes, 5 Ago 15
Regressemos às frivolidades, que o tempo é de Verão, a vida já e dura quanto baste e aqui a taberna tem andado depressiva.
Sei que as senhoras que me lêem têm um fetiche com sapatos. Todas as mulheres valorizam imenso o que calçam, o que para nós homens é um mistério. Um pé de mulher é sempre mais bonito sem sapato. De preferência um pé bem tratado e sem unhas pintadas. Não sei bem porquê, mas unhas dos pés pintadas dão normalmente ar de Messalina às suas portadoras.
Vendo no calçado uma função meramente utilitária, sei bem como podem valorizar o porte da sua utilizadora. Admito também que existem modelos que são belas obras de design e outros uns socos que até as holandesas envergonhariam. Democrata, tolero quase tudo, até os sapatos de manco que muitas agora usam.
Como cada tolo tem a sua mania, quando vejo alguém com sapatos prateados ou dourados, sinto uma fúria canina que me transforma um Boby pronto a destrui-los à dentada. Não há coisa mais horrorosa que sapatos destas duas cores. Por isso, e incapaz de contabilizar os que pensam como eu, deixo um alerta: pelo sim, pelo não, não usem sapatos desses num primeiro encontro. Podem significar o fim de uma relação que até poderia ser promissora.
por Fernando Lopes, 27 Jul 15
Em 2014, bela como nunca.
Aos 57 anos continua a ser um ícone da cultura popular. Pfeiffer continua a fazer sonhar homens de todo o mundo com a sua beleza tranquila e qualidade como actriz. É ainda e sempre aquela que sonharíamos levar a jantar, elegante e simultaneamente simples, permanece com um ar plácido, não renega os anos sem perder pitada do seu encanto.
Saber envelhecer é saber viver. Recatada na sua vida pessoal, recordo-a a fazer celibatária resistente, contracenando com o monstro Al Pacino na deliciosa comédia romântica «Frankie & Johnny», ou com George Clooney em «Um Dia em Grande», mãe solteira, totalmente empenhada no trabalho e maternidade.
Belíssima num papel secundário em «People Like Us» de 2012, é a prova que as mulheres de sonho não têm idade, existem e andam por aí.
por Fernando Lopes, 5 Jun 15
Hora de almoço no centro comercial. Mãe e filha entram no restaurante. A progenitora terá cerca de 50 anos, a cria não mais de 19. Veste uns calções diminutos que revelam as longuíssimas e bem torneadas pernas, um rabo pequeno e bem-feito, seios firmes, rosto fresco e olhos claros. Todos os olhares masculinos se concentram na mais nova, ignorando totalmente a ainda bem composta senhora. A jovem, ciente do impacto causado, faz uma série de movimentos cuidadosamente coreografados, desde o cruzar de perna, ao levantar-se e deambular pela sala com ar displicente.
No olhar da mãe não há admiração ou carinho pelo rebento, antes um desmedido desconforto. Não é causado pelo impacto da filha entre os machos, mas pela pura rivalidade de quem foi ultrapassado pelo tempo. Ter-lhe-ão passado pela cabeça momentos não muito distantes em que o estrelato era seu, existe agora nítida frustração pelo papel de actriz secundária.
Vem-me à memória uma frase que ouvi algures: «Não tenho medo da morte, tenho medo do tempo».
por Fernando Lopes, 1 Jun 15
Não, não virei «traveca», não estou a pensar participar na campanha da Máxima em que latagões apareciam usando requintados sapatos femininos. Hoje, enquanto ia à Conservatória em busca da minha identidade perdida – o BI tinha caducado – notei que nem todas as mulheres sabem andar de salto alto.
Em primeiro lugar, às mulheres longilíneas e magras, o salto alto não favorece, fazendo com que fiquem demasiado magras e com um rabiosque diminuto. As pequeninas ou de perna curta beneficiam se usarem tacão alto, mas é imprescindível saber andar na coisa.
Duas raparigas entre os 30 e 40 faziam triste figura: uma andava com as pernas abertas, como se tivesse feito chichi por si abaixo; a outra pensava duas vezes antes de estender a gâmbia e pousá-la com extremo cuidado. Pensei que tinha pisado uma poia ou estava a caminhar sobre um campo de minas. Era mesmo só falta de jeito.
Seria desculpável se se tratasse de uma jovem adolescente que estivesse a usufruir do calçado materno. Dada a idade das senhoras, não era o caso. Assim, embora seja uma nulidade em moda, sugiro desde já que as meninas se calcem de modo prático, preparadas para uma caminhada. Se insistem em seguir os ditames da moda, por favor treinem antes de vir para a rua fazer tão triste figura.
por Fernando Lopes, 11 Abr 15
Como já aqui escrevi, não só pela beleza, mas principalmente pela frontalidade, não há mulheres como as espanholas. As portuguesas acham sempre que as queremos levar para a cama, mesmo quando tal não é nossa intenção. Irrita-me que uma parte substancial do mulherio pense de modo cartesiano: estás a oferecer ombro amigo, logo queres saltar-me à cueca.
Uma mulher que pensa assim valoriza demasiado o efeito que um palminho de cara ou um rabo bem-feito têm num homem. Se há os topa-a-tudo, que cirandam de alcova em alcova com a calculadora na mão e a alegria dos parvos, convém que as mulheres não olhem para si mesmo como objecto de desejo permanente. Choque de realidade: não desejamos todas as mulheres que conhecemos e as mais das vezes uma cabeça arrumada é mais importante que uns jeans apertados.
Assim, fica a nota para quem a quiser: quando um tipo diz que se dispõe a apoiar alguém num momento difícil, muito provavelmente é só isso que pretende fazer.
por Fernando Lopes, 11 Mar 15
Os portugueses são conversadores por natureza. Homens e mulheres, de uma maneira geral falam que se desunham. Utilizam todavia método diferente: enquanto os homens preferem conversar sentados a uma mesa, com comida e bebida pela frente, para as mulheres qualquer momento e circunstância é adequado a uma boa converseta.
O exemplo cá de casa é significativo. Enquanto cozinha, trabalha no portátil, cuida da filha ou organiza o lar, é capaz de passar horas ao telefone. Inclina a cabeça para o ombro esquerdo, prendendo o aparelho entre a face e a espádua, e aí vai ela. Torna-se imparável, naquela singular posição não há nada que a detenha. É preciso responder a um email? Feito. Mexe-se na Bimby? De caras. Carrega-se uma máquina de roupa? Tarefa de crianças.
Observo-as em todo o lado em posição semelhante, fazendo de tudo, das coisas simples às complexas, com a cara tombada e o telemóvel entalado. Um homem, mono-tarefa, não consegue ter tal desenvoltura, nem fazer conversa consequente. A pensar nas portuguesas, as operadoras móveis comercializaram tarifários que têm 7.000 minutos. Na prática significa 4,8 dias de conversação ininterrupta. Pensa o leitor que é inesgotável. Nada disso, já ouvi um ou dois lamentos relativamente ao plafond esgotado. A cunhada de uma colega, deslocando-se a trabalho para Lisboa, conseguiu falar ininterruptamente durante os 300 kms de percurso com uma sobrinha, para «não se sentir sozinha». Abriu-se uma caixa de Pandora. Temo pelo momento em que levadas pela guerra comercial, as empresas ofereçam minutos ilimitados. Nunca mais se conseguirá conversar cá por casa…a não ser por telemóvel.
por Fernando Lopes, 5 Mar 15
Projecto: substantivo masculino, aquilo que alguém planeia ou pretende fazer; esboço de trabalho que se pretende realizar; plano gráfico e descritivo.
Num espaço de poucos dias, duas amigas, mulheres jovens entre os trinta e cinco e quarenta, contavam-me as suas desilusões na busca do amor. A conclusão é que face aos potenciais eleitos não tinham capacidade de construir um «projecto comum». Fiquei a matutar no que seria o projecto: constituir família, terem carreiras bem-sucedidas, filhos, cão e carrinha, como as famílias supostamente normais?
Não sabem estas queridas que não há espaço mais disfuncional que a família; nela se mata e morre, trai e glorifica, se cometem os maiores actos de amor e de crueldade que um ser humano pode perpetrar? As coisas acontecem se as deixarmos acontecer. O amor, os filhos, a vida. Viver não é um projecto de fundações sólidas, antes coisa que surge no nosso caminho, sem plano. Hoje sou pai de família, supostamente concretizei o projecto. Nada foi pensado, nada me garante que amanhã não seja marido traído, pai falhado, homem sozinho.
Não entendo esta feminina mania de tudo querer prever, arquitectar. A vida não se planeia, vive-se, aproveitando o que ela nos dá, bom e mau. Nunca projectei o futuro, até porque, amanhã, ele pode não existir ou esboroar-se como uma construção na areia.
Alguém me explica se estou a ter uma má interpretação, ou se a ansiedade destas jovens com o futuro não se transformou num impedimento à sua simples fruição?
Interessante chegar aqui anos mais tarde aqui e pe...
Achei muito interessante atualmente esta sua posta...
boa tarde , estive neste sitio esta semana e pergu...
O Pretinho do Japão é citado, como profeta, em Ram...