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Vamos fugir deste País.

por Fernando Lopes, 29 Dez 13

Todos falam da emigração jovem, da “fuga de cérebros”, da formação que os nossos impostos pagaram e que está a ser aproveitada por outros países. Possuo nas minhas relações familiares e afectivas pais que dizem a jovens de quinze anos “estuda muito e aprende línguas para ires trabalhar lá para fora”. Como pai de um adolescente, diria o mesmo.

 

Esta realidade está no entanto a tomar contornos mais amplos. Amigos dos trinta aos cinquenta, muitos deles vítimas de desemprego, salários em atraso, relações laborais precárias, procuram sair do país. Ontem, numa reunião com um velho companheiro que abalou para o Brasil há duas décadas, o tema era fugir de Portugal.

 

Já não são apenas os jovens recém-formados, mas profissionais qualificados, experientes, com formação superior e provas dadas que pretendem emigrar. Se surgir oportunidade, tê-los-emos espalhados por essa Europa fora, fugindo à miséria estrutural que se instala neste País.

 

Dir-me-ão que o contexto de crise é europeu, não apenas português. Uma meia-verdade, aplicada sobretudo aos países do sul que se aprestam a transformar num gigantesco asilo.

 

Alguém dizia que somos descendentes de Pedro Álvares Cabral, Vasco da Gama e uma nobre estirpe de navegadores, ao que o cínico respondeu: “Está errado. Somos descendentes não dos que partiram, mas dos que ficaram.”

 

Vão ficar por cá apenas os que não conseguirem fugir.

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23 comentários

De aurora a 29.12.2013 às 17:58

Só não vou porque, infelizmente, não me dão a reforma.Caso contrário, partiria com o meu filho que está desempregado. Este país não é para novos nem para velhos.Este país é um feudo de meia dúzia.
Preferimos a resignação, a inveja social, o futebol,o shoping... 40 anos passados após o 25 de abril ainda continuamos a gostar do chicote.Sinto uma tristeza tão grande...
Abraço

De Fernando Lopes a 29.12.2013 às 22:40

Sei bem do que está a falar, Aurora. Esse beco sem saída é o dia-a-dia de muitas famílias.

Abraço.

De pimentaeouro a 31.12.2013 às 19:53

Pouco mais há a dizer. Não é pais para novos nem para velhos, é um país que teve séculos de decadência. Deixa marcas.

De Fernando Lopes a 01.01.2014 às 13:33

De qualquer forma e off-topic, uma Bom 2014, meu caro.

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