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Coisas simples.

por Fernando Lopes, 21 Abr 13

Não entendo nada de geopolítica, mecanismos federais, uniões. Constato um simples facto: a UE está a desmoronar-se. O projecto europeu surgiu como forma de perpetuar a paz através da criação de interdependências económicas. O dinheiro a falar. Quando esse bem escasseia, vêm à tona os egoísmos nacionais. Conscientemente, por iniciativa do norte industrializado, a OMC abriu o comércio aos asiáticos e uma caixa de Pandora.

 

Tenho sempre presente este exemplo: quando me casei, uma máquina de lavar a roupa custou 80 contos. Era produzida em Setúbal sob licença italiana. Hoje, 20 anos depois, tenho uma sul-coreana que custou exactamente o mesmo preço, muito mais sofisticada.

 

Não tenho dúvidas que dentro de 10 ou 15 anos os asiáticos estarão a produzir os mesmos bens que hoje suportam a indústria alemã, a metade do preço. Basta ver os automóveis coreanos que por aí circulam. Não se sabia muito bem qual era a frente e a traseira, hoje são concorrenciais com os europeus por um preço muito mais baixo.

 

Temos de proteger a indústria e agricultura europeia ou agonizar. Renegociar os tratados comerciais. Comprar bens por preços mais altos porque os nossos operários e técnicos são mais bem remunerados. Ou isso ou tornar-nos-emos um gigantesco museu que os novos-ricos visitam na sua semana de férias. Não tenho a certeza que todos tenham entendido esta coisa tão simples. 

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10 comentários

De Ana A. a 21.04.2013 às 14:15

Agora são os asiáticos, mais tarde serão os africanos e quando estes atingirem o patamar actual dos asiáticos, teremos o resto do mundo a trabalhar por comida e alojamento...

Simples, simples, era uma elevação moral e ética onde todos os seres humanos tivessem direito a existir com dignidade, mas isso é pedir demais!

Abraço

De Fernando Lopes a 21.04.2013 às 15:36

Provavelmente não me expliquei bem. Nada me move contra os asiáticos, mas o acordo mundial de comércio foi feito a pensar na desindustrialização da Europa, em benefício dos interesses germânicos e de grandes companhias transnacionais. Este nosso continente só sobrevive como potência industrial se esse acordo for renegociado, com mecanismos de defesa que nos preservem.

É só esse o meu ponto. O barato sai caro, e neste caso todo um continente está em agonia por ter entregue o "ouro ao bandido", para enriquecimento de uns quantos.

Abraço.

De Margarida Alegria a 21.04.2013 às 23:10

Concordo com o que defendes no post e até acrescento um detalhe: para além de limitar essa abertura aos produtos de trabalho escravo asiático, nessa renegociação, deveria ficar bem firme a posição de defesa das normas ecológicas de fabrico, que na Europa (e bem) somos obrigados a cumprir, mas que são desrespeitadas nessas fábricas asiáticas, cujos donos são tantas vezes europeus em busca de mais lucros.
Lembro-me das normas dos CFCs , ou das tintas que causam alergias, por exemplo. Seria um bom pretexto para se colocar travão a essas importações: o critério ecológico e o de segurança dos produtos (por exemplo nos pequenos electrodomésticos).
Boa noite!

De Fernando Lopes a 21.04.2013 às 23:41

Margarida, ainda bem que compreendes o meu ponto de vista, que não é contra ninguém excepto contra quem lucra com isto, meia dúzia de grandes capitalistas e seus sabujos.

Abraço.

De pimentaeouro a 24.04.2013 às 00:28

Durante a Guerra Fria uma das «armas» do Ocidente foi a exportação dos Direitos Humanos durante décadas: alguma moça terá feito.
Hoje temos de exportar Direitos Sociais para a China e restantes emergentes.
Subir a parada e lugar de baixar salários.
Cumprimentos.

De Fernando Lopes a 24.04.2013 às 00:42

É uma inevitabilidade. O paradoxo é que nunca se gerou tanta riqueza, nem a sua concentração foi em tão poucos. É ver as fortunas dos membros do Comité Central do PC chinês.

Abraço.

De golimix a 24.04.2013 às 19:31

Ao que parece comungamos do mesmo ponto de vista, Algo se está a perder e urge que se encontre.

De Fernando Lopes a 24.04.2013 às 20:01

Quando a ganância substitui a entreajuda como paradigma de sociedade temos o caldo entornado. Já nem sequer falamos com os vizinhos.

De golimix a 24.04.2013 às 20:06

Pois, é isso que passo a vida a dizer. Todos a mesma voz. Seremos utópicos?

De Fernando Lopes a 24.04.2013 às 20:08

Não. Sonhadores, apenas.

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