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O juiz que manda uns bitatites.

por Fernando Lopes, 12 Set 16

A modéstia exagerada é uma forma extrema de vaidade. É assim o juiz Carlos Alexandre, a dizer-se saloio para que lhe elogiem a enorme urbanidade. Desconfio de super-homens. Não sei como tem humanamente tempo para ler processos de milhares de páginas, ouvir tudo, saber tudo. Talvez não durma nunca, trabalhe sábados e domingos, um ser virtuoso de energia inesgotável.

 

Não me interessa a vida privada de um juiz, só os seus pareceres e sentenças devem ser públicas. Um agente da lei deve resguardar-se, deixar que os seus doutos pareceres façam jurisprudência, não aparecer na televisão como qualquer artista, político, ou figura que por necessidade de ofício tenha de se mostrar.

 

Não sei se Sócrates é culpado ou não, o processo ainda não passou da fase de instrução. Nem me interessa. Sei é que um magistrado não pode mandar bitaites. «Sou o saloio de Mação que não tem dinheiro em nome de amigos», é uma boca lateral a Sócrates. Um juiz não manda bocas, cinge-se à investigação, cumprimento e aplicação da lei. Fez um juízo moral, insinuou. Foi boa a entrevista, deram-lhe uma pá para a mão, e o «saloio» enterrou com todo o vigor a credibilidade – já de si duvidosa – que lhe restava. Requiescat in pace.

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