Diário do Purgatório © 2012 - 2014
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"Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better."
por Fernando Lopes, 30 Dez 15
Habituei-me a ver marmitas desde criança. Eram usadas sobretudo pelos operários da construção civil que vinham de terras tão distantes como Lousada, Penafiel, Amarante, trabalhar para as obras no Porto. Porque a paga era escassa e os restaurantes abertos à hora de almoço também não abundavam, trazia-se o almoço de casa. Às vezes, no caminho da escola para casa, ficava do outro lado da rua a observar os homens regressarem temporariamente à cozinha da aldeia. Havia sistemas simples e outros mais complexos. Normalmente apenas um tacho, embrulhado num pano, mais largo no fundo e com um laçarote na pega do testo. Esse pano era precedido de um embrulho prévio em jornais, várias camadas, para manter o conduto quente. As mais das vezes aquela gente simples comia apenas com garfo ou uma colher. Comer de faca e garfo era requinte de citadinos, pouco prático dadas as circunstâncias. Existiam também uma espécie de pilhas mágicas em que sobre um tacho maior encaixavam outros menores. Umas vezes dois, outras três. Tinham ganchos laterais e o fundo do menor servia de testo do que se lhe sobrepunha. Uma torre de tachos afunilando para o infinito. Eram mais finos e a comida aquecida sobre brasas improvisadas. O pequeno tinha a sopa, o maior o almoço propriamente dito. Mandavam piadas uns aos outros sobre as qualidades culinárias das mulheres e um piropo à jeitosa do outro lado da rua. Lembrei-me disto ao ver um anúncio qualquer às novas marmitas. Hoje é algo in, sinal de frugalidade. Naquele tempo significava apenas dificuldade.
Interessante chegar aqui anos mais tarde aqui e pe...
Achei muito interessante atualmente esta sua posta...
boa tarde , estive neste sitio esta semana e pergu...
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