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Quando o homem deixa de ver no espelho o rapaz.

por Fernando Lopes, 20 Dez 15

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Envelhecer é um processo doloroso, independentemente do sexo. Não creio que o mito perpetuado que o envelhecimento é mais penoso para as mulheres que para os homens seja verdadeiro. Rapazes serão rapazes, mantemos um lado infantil toda a nossa vida, um modo de auto-preservação tão masculino que ouvimos septuagenários comentar: «Faleceu um rapaz da nossa idade».

 

Subitamente, levou este rapaz uma chapada de realidade. Já não é o jovem que via ao espelho. Um processo doloroso mas inevitável, um atropelamento por um comboio que julgávamos estar ainda distante.

 

Todos ouvimos o ditado «galinha velha faz boa canja», nunca ninguém disse «galo velho dá uma cabidela de truz».  

 

Requer tempo, maturidade, e um enorme rombo numa auto-estima já de si frágil, que demorará a calafetar. Mantive estes dias de silêncio porque o rapaz deixou de ser prevalente. Não sei se isso vai afectar o blogue, certo é que para um tagarela é difícil manter-se calado.

 

Uma das narrativas mais dolorosamente sinceras que li sobre a vida e este estádio pré-comatoso que atravesso foi descrita por John Williams no fantástico «Stoner». Como o personagem que dá nome ao livro, mantenho intacta a capacidade de me apaixonar por um momento, uma paisagem, um livro, uma pessoa. Estou vivo, vou andar por aqui, tentar esquecer a cabeleira grisalha e a dezena de quilos a mais, e manter as únicas qualidades que tem o homem por detrás deste blogue: integridade de carácter e absoluta sinceridade.

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