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O que o berço dá, a tumba o tira.

por Fernando Lopes, 21 Out 15

Por questões de orçamento e proximidade, mais a primeira que a segunda, almoço todos os dias na praça de alimentação de um centro comercial. Embora também tenha a opção do Mercado do Bom Sucesso, o local é demasiado pretensioso para os meus objectivos. Experimentei vários estabelecimentos, em quase todos comi coisas vulgares com um toque de suposto cosmopolitismo. Será bom para os aspirantes a queques ou seguidores de modas, lamentavelmente nem a comida nem o espaço me convencem. Manias.

 

A zona tem imensos escritórios, bancos, companhias de seguros, consultórios médicos, e essa é a fauna que frequenta a zona.

 

Diariamente me espanto com a falta geral de maneiras à mesa. De homens, mas também de mulheres. Hoje dediquei-me a reparar nos comportamentos pelos quais a mãe ou avó me premiariam com um calduço. Observação número um: senhora chiquemente vestida, sapatos de design hipermodernista, a lamber a faca; senhora número dois a usar a mão até ao punho como improvisado paliteiro – diga-se em abono da verdade que abomino o uso de tal utensílio; jovem rapariga número três, híper-perfumada, cabelo impecável, saia-casaco executivo, em vez de comer a sopa com a colher, pega na tigela com as duas mãos e sorve o conteúdo com enorme musicalidade para gáudio dos meus ouvidos; o clássico bronco que mastiga com a boca aberta enquanto fala, exibindo orgulhosamente o bolo alimentar e dispersando-o, já salivado, em várias direcções. Útil quando existem pássaros e pombos nas redondezas, num espaço fechado, desperdício alimentar.

 

«O que o berço dá, a tumba o tira», pode-se emperiquitar um boçal, isso não o torna menos boçal. Se contratasse alguém, uma das coisas que faria seria convidá-lo(a) para um almoço. Más maneiras à mesa seriam factor de exclusão.

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