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A farsa que se perpetua.

por Fernando Lopes, 4 Out 15

Por razões que não vêm ao caso contacto com várias mulheres jovens, de 30, até 20 anos, idade para serem minhas filhas. O que vejo nelas em empenho, inteligência, ambição, capacidade profissional, contrasta quase sempre com as escolhas afectivas. Uma percentagem brutal destas jovens raparigas tomará conta deste país num futuro não muito longínquo. São mais bem preparadas, mais empenhadas, mais trabalhadoras.

 

No entanto, no que toca ao amor, são mais conservadoras que a minha mãe. Apaixonam-se por rapazes difíceis e optam quase sempre pelos certinhos. O tipo que é músico tem imenso charme, mas namora com o colega da faculdade. O maluco das motas é encantador, mas o outro é de boas famílias e com futuro promissor.

 

Miúdas em idade de seguir loucamente o coração, racionalizam a paixão, escolhendo sempre a carta mais segura, que não cause imprevisto ou trabalho. Confunde-me que seja assim aos 60, quanto mais aos 20. Faz parte da juventude o querer tudo, arriscar tudo, mais ainda quando se trata de paixão.

 

Ao optarem sempre pelo certinho em vez do bad boy, estão a seguir muitos dos caminhos desbravados pelas avós e mães para uma letárgica infelicidade permanente. Uma infelicidade previsível, num bom apartamento, com um homem em que se sublimam as escassa virtudes e olvidam os enormes defeitos.

 

Não sou conselheiro sentimental, nem para isso estou habilitado, mas do alto dos meus 50 continuo a preferir o amor ao conforto, o desafio à previsibilidade.

 

Serão estas mulheres as mesmas que Gil Vicente imortalizou na «Farsa de Inês Pereira»? Será que por algum estranho atavismo continuam a preferir «asno que as carregue que cavalo que as derrube»? Em 500 anos não mudaram nada, não aprenderam nada?

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