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Não há amor na cidade.

por Fernando Lopes, 22 Ago 15

Se coisas maravilhosas me acontecem é porque provavelmente mereço. Fim de tarde. Meto-me ao caminho para um dos habituais passeios por Cedofeita. Cioso das minhas rotinas, paro na esplanada mesmo em frente à Rua do Mirante, uma pausa ao quilómetro 3 para café e água mineral. Habituée, aproveito para trocar conversa sobre futebol com o empregado que também é filho do proprietário.

 

Quase a chegar a Carlos Alberto, um homem com perto de setenta anos, magro, cabelo e bigode branco, pede-me um cigarro com um gesto. De altura média, vestido humildemente mas muito limpo. Aproximo-me.

 

- E falar, nada?

 

- Era um cigarro se faz favor.

 

- Com todo o gosto. Quer lume?

 

Dá-me um toque paternal na cara e depois abraça-me. Retribuo com palmadas gentis nas costas.

 

- Eh pá, não é preciso tanto, não lhe dei o euromilhões.

 

- Muito, muito, obrigado. Afasta-se.

 

Associações tentam suprir a falta de alimentos, roupas, tecto. Trabalhamos pouco a parte dos afectos. Mais do que um cigarro, queria sentir-se amado, respeitado. Um simples abraço pode extravasar o significado convencional. Obrigado meu caro, eu é que lhe agradeço.

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