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Eu e a Sara.

por Fernando Lopes, 12 Jun 15

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Todos os fins de tarde, na Praça da Galiza, deparo-me com um poster da Sara Sampaio em biquíni. Fico sempre estarrecido com aquela escultura humana, ar abebezado, corpo húmido, a sair da água. A elegância, os olhos claros, os dentes de coelho, dão-lhe um ar juvenil, toda a composição está simultaneamente carregada de erotismo e de uma displicência quase inocente, como se a menina não se apercebesse do impacto que causa enquanto mulher.

 

E no entanto a praia é um dos locais mais não-eróticos que conheço. Os corpos vulgares têm dobras, pneus, são assimétricos, sem graça. Raras são as sereias ou Adónis. Exibem-se barrigas proeminentes, enormes rabos, mulheres com corpos tipo «pêra», crianças redondas. Sou um dos badochas. Não me orgulho ou envergonho, limito-me a ignorar o corpo ao modo dos velhos ascetas, como se o envelhecimento e consequente degradação fossem algo fora de mim. Somos almas gémeas eu e a Sara, saímos da água como se o invólucro que nos aprisiona fosse absolutamente irrelevante.  

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