Diário do Purgatório

Por estes dias, o que sobeja em razão, escasseia em coração. Talvez pela emotividade inata, de um modo ou outro acabo sempre por desprezar o racional. Sou de raivas intensas, fúrias inimagináveis, um bruto rude. Mas também sou capaz de chorar pela morte de um peixe de aquário, ficar entre baba e ranho ao ver pela enésima vez o filme “21 gramas”, abraçar com força amigos queridos. Neste fim de tempo em que vivemos, estamos muito preocupados em racionalizar e pouco em beijar, abraçar, amar. É tempo de dar lugar ao verdadeiramente importante. O músculo que deveria governar o mundo é o coração.