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Caminhar, de mão dadas.

por Fernando Lopes, 2 Dez 12

Gente querida tem-me acusado de andar demasiado lúgubre, transportado para este blogue melancolia, tristeza e algum azedume. Assim é. Sempre me caracterizou a ansiedade, uma espécie de bipolaridade controlada, dois “eus” que pelejam entre si, dividindo grandeza e miséria, euforia e tristeza. Não me revejo como especial neste particular, pois todos caminhamos num abismo entre luz e sombra, como tonto incapaz de se decidir sobre o papel a desempenhar na opereta da vida.

 

Ontem, já depois do sol posto, para afastar pensamentos nefastos, decidi dar uma caminhada. A Matilde, minha única e querida filha, pediu para me acompanhar. Herdou do pai uma total ausência de sentido prático e uma personalidade biliosa, que ora se desdobra em fúrias, ora em afectos.

 

Caminhamos e falámos. Contou-me as maravilhas gastronómicas que a Mira põe ao dispor dos meninos no bufete. De rivalidades entre meninas, brincadeiras com os amigos, angústias com a escola. Uma dupla improvável, um homem de 49 anos e uma menina de 7, gorro na cabeça, mão dada a parar a cada maravilha das montras. Dei-me conta que, no meu afã de a proteger, poucas vezes circula fora de um blindado de chapa. A simples possibilidade de parar quando queria, para ver o que queria, é coisa que raramente tem hipótese de fazer.

 

Quarenta e cinco minutos depois, chegámos, cansados mas felizes. Existe um mundo inteiro de pequenas coisas que, por ansiedade de chegar ao destino, não nos damos tempo de admirar.  

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