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vida

por Fernando Lopes, 22 Abr 12

Às portas da meia-idade, vejo o processo de envelhecimento com redobrada preocupação. Graças aos dois maços de cigarros diários com expressa contra-indicação médica, após um AVC há 7 anos atrás, a falta de exercício e, penso eu, para meu conforto, a natural degradação do corpo, estão a tornar-me num eu que não sou eu.

 

Sou um bom grafo, aprecio umas cervejas fresquinhas, faço uma vida sedentária. Tudo absolutamente proibido. Enquanto olho ao espelho e vejo um barrigudo que não reconheço, reflicto sobre o  estranho mecanismo de defesa que faz com que só raramente nos apercebamos do nosso verdadeiro aspecto.

 

Assim como a demência é um processo de defesa face à aproximação da morte, a imagem que guardamos de nós, raramente corresponde à realidade. Poderia iniciar uma dieta, abdicar de petiscos, começar a andar a pé, inscrever-me num ginásio ou como fazem os cinquentões que querem parecer novos, comprar um descapotável. Nada disto resolveria o inexorável processo de envelhecimento. Vou juntar-lhe uma face acomodatícia e esquecer os 15 kilos a mais que carrego. O que sou é a minha cabeça, a carcaça apenas um forma de reconhecimento para os outros.

 

Claro que, numa perspectiva crítica, isto não passa de paleio da treta. Como aquelas tias que dizem que adoram as suas rugas e que cada uma delas conta uma história. Cada kilo a mais resume uma magnífica refeição, um belos copos, uma jantar inesquecível. Elas mentem, eu minto. E cá nos vamos enganando, neste percurso que deixa sempre marcas e que vulgarmente chamamos vida.

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