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"Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better."
por Fernando Lopes, 14 Abr 12
Não padeço do eurocentrismo vigente, que adaptado às novas necessidades, num mercado saturado, se vira para oriente, mais por conveniência do que por convicção. Hoje de madrugada assisti a um documentário da BBC, que sem valorações ou preconceitos, tentava entender a razão porque os alunos de origem oriental são os mais bem sucedidos no ensino britânico. É ao mesmo tempo revelador e assustador. As mães-tigre impõem aos seus rebentos um disciplina férrea de trabalho, trabalho, mais trabalho.
Ninguém duvida que para serem bem sucedidas devemos estimular as nossas crianças a trabalhar e a superarem-se. No entanto tudo tem limite. Estas crianças são "espremidas" com trabalhos de casa durante 3 a 4 horas por dia, mais 2 horas de música, mais treino disto e daquilo. Devo confessar que aos meus olhos ocidentais, não existia nada semelhante a uma infância e muito de paralelo com um campo de trabalhos forçados. Mais, estas mães, em busca de um futuro brilhante para os seus filhos, hipervalorizam as competências académicas e desvalorizam as sociais.
Na reportagem, é referido com a maior das naturalidades, o facto de uma criança não brincar com outras há mais de um ano. Assustador de facto. Será com estes pequeno seres, programados desde a mais tenra idade, máquinas de trabalho e estudo, que os nossos filhos irão competir num futuro mercado global.
É difícil compreender que uma mãe coloque tantas expectativas no futuro de uma criança de forma a que a condicione como vi. Estes miúdos serão infelizes toda a vida, marcados por uma infância castradora e socialmente incapazes de estabelecer empatia, amizade, cumplicidade. Na reportagem uma das mães refere o aforismo "No pain, no gain". Pena que ninguém tivesse contraposto "All work and no play makes Jack a dull boy".
por Fernando Lopes, 14 Abr 12
Era o único de origens rurais numa turma de citadinos. Gorducho, desajeitado, ruborescido, usava sempre um velho blazer quando o hype era ter um blusão de penas Duffy e umas Levi's.
Destacava-se pela diferença. E todos sabemos como os adolescentes são cruéis com os que são diferentes ou não se enquadram num tribo. Andava sempre sozinho, ninguém queria a sua companhia. Na altura existiam carteiras antigas, com tampo que levantava e uma base de madeira onde pousávamos os livros. Uma das brincadeiras favoritas era roubar os cadernos do vizinho de trás e coloca-los nos locais mais improváveis. Foi a galhofa da turma durante uma semana. No momento em que tomaram posse dos seus cadernos descobriram que cheiravam a salmoura. Foram passados por toda a turma, para "curtirmos um cheirinho a presunto".
Foi ridicularizado, acusado de dormir com presuntos, de comer chouriços e salpicões ao pequeno almoço. Não o gozei nem me solidarizei. Mantive uma prudente distância. Mas intrigado, passados uns tempos, não resisti a perguntar-lhe porque é que os cadernos dele cheiravam a "presunto". A resposta não poderia ser mais simples. Como não tinha secretária ou mesa disponível para estudar, fazia-o em cima de uma arca de madeira onde era conservada a carne de porco em sal. Os adolescentes podem ser estúpidos e maus. Por omissão, fui as duas coisas.
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O Pretinho do Japão é citado, como profeta, em Ram...