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Prazeres solitários

por Fernando Lopes, 25 Mar 12

Escrevo antes de tudo para mim. Porque este acto solitário me dá prazer. Não me parece que, qual Messias, tenha alguma boa nova a comunicar ao mundo. Faço-o após 9 horas diárias de trabalho, normalmente depois do jantar, baseado em pequenas notas que vou deixando no telemóvel. Não tenho tempo nem saber para apurar os textos, não uso os magníficos dicionários de sinónimos incluídos no Word, corrector ortográfico nem vê-lo. O facto de ter um blogue prende-se com a necessidade de me exprimir. Para sofrimento dos incautos que me lêem, este é o meu meio. As tintas e pincéis feririam menos sensibilidades, mas faltam-me os conhecimentos para me expressar em tela. Ao fim de semana, quando tenho tempo para incomodar com mais frequência a minha meia dúzia de leitores e ler com calma o que os outros escrevem deparo-me com um deserto na blogosfera. Ou existem magníficos empregos, em que não se tem a ponta de um corno para fazer e que possibilitam devaneios critico-literários, ou muitos bloggers menosprezam os dias descanso semanal porque têm menos leitores. Existe em muitos a febre do "publicozinho", como se alguma da treta que escrevemos tivesse importância. Reality check! Não tem. Lemo-nos uns aos outros, numa espécie de círculo fechado sem impacto ou notoriedade. Experimentem ir ao Bolhão e inquirir quais os blogues favoritos. O mais provável é levarem com um "Vai chamar blogue a outro, seu ordinarão!". Agradeço a quem aqui vem e participa, mas padeço do mal de conhecer as pessoas e de ter a noção da minha [e da nossa] insignificância. Seria bom que alguns pavões que não resistem a exibir lustrosa plumagem tivessem a noção de que tal não resulta na cópula ou  no reconhecimento esperado, pois lá no fim do mundo nada existe excepto o divertimento ou reflexão que tiramos das nossas palavras.

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o amor valerá sempre a pena

por Fernando Lopes, 25 Mar 12

Ocasionalmente sou atravessado por grandes angústias. Será comum a todos, dos mais tímidos e introspectivos aos mais expansivos. Lembro bem os primeiros momentos de medo profundo e angústia, daquela que nos causa borboletas no estômago. Quando com 12 ou 13 anos tomei consciência da minha finitude. A tomada de conhecimento de que vamos morrer, de algum modo, altera-nos. Coloca as nossas hormonas adolescentes no devido lugar, o de uma micro poeira cósmica, colocada por acaso no universo, com outro destino que não o de cumprir um papel ainda não escrito, por dramaturgo também ele inexistente. E, no entanto, lutamos. Por uma vida melhor, por mais conforto, por felicidade para os filhos. Mesmo que não se consiga nada, mesmo que o nosso significado seja ridiculamente pequeno, é esta luta, esta vontade de mudar intrínseca ao ser humano que faz o mundo avançar, dar melhor condições de vida aos que cá estão e aos que hão-de vir. Lutar por uma causa, por um ideal, é uma forma de superação da morte, pelo amor. Enquanto um único homem sentir este amor fraternal, valerá sempre a pena a vida e a luta.

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