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EDP-1 Portugueses-0

por Fernando Lopes, 13 Mar 12

A demissão do Secretário de Estado da Energia é sintomática da atitude do governo. Espremer os portugueses até à última gota de sangue, sem mexer com os interesses das grandes empresas. Não sou contra as grandes companhias, importantes num estado moderno. O problema são os monopólios, e a EDP têm o mais obsceno de todos. Cada vez mais a nossa dependência da energia aumenta. Máquinas de lavar, de secar, robots de cozinha, equipamentos informáticos, tudo se alimenta a energia eléctrica. Do mais pobre ao mais rico, todos somos clientes da eléctrica nacional, quanto mais não seja para nos alumiarmos. Esta situação coloca os portugueses dependentes de uma rede e de um fornecedor quase a 100%. O estado que é padrasto e não pai, encontrou na EDP uma espécie de cobrador do fraque a que não se pode fugir. Daí que na factura tudo seja cobrado, inclusive electricidade. Este favor que a EDP faz ao estado tem contrapartidas, rendas garantidas. Eu também me envolvia num negócio em que a minha margem de lucro fosse garantida. É assim com a EDP e com as PPPs. Neste inverno a EDP foi co-responsável na morte de dezenas ou centenas de idosos durante a última vaga de frio. Porque o simples facto de aquecer uma casa se tornou um luxo neste país de merda. O Secretário de Estado, num mundo complexo de cálculos de produção de energia, de subsidiação das eólicas e de rentabilidades garantidas, seguindo o memorando da troika, quis renegociar essas rendas, consideradas excessivas. Foi abatido como um tordo. Por motivos pessoais. E, não tenham dúvidas, sempre que algum governante for suficientemente sério ou lunático para lutar contra os grandes interesses económicos, cairá.

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