Diário do Purgatório © 2012 - 2014
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"Ever tried. Ever failed. No matter. Try again. Fail again. Fail better."
por Fernando Lopes, 31 Mar 12
O pai foi secretário da Câmara do Comércio Luso-Britânica durante muitos anos. Foi atraiçoado pelo coração aos 54, mas conheço poucos portugueses que, como ele, andassem em Londres como em casa. As linhas do metro e do autocarro sabia-as de cor, tratava por tu os grandes museus e galerias londrinas, gostava do encanto decante do Soho.
Adorava contar histórias e piadas, entre elas esta, quase mítica que aqui vos deixo. Incapaz de jurar a sua exactidão, fica escrita ao sabor da minha memória.
Todos os anos se organizava na feitoria do Porto uma baile de gala, para a comunidade britânica e notáveis portugueses particularmente relacionados como os negócios e cultura da terras de sua Majestade. Para abrilhantar a festa, decidiram os organizadores contratar um mestre-de-cerimónias inglês, que, à porta do salão, recebendo os convites, anunciava na entrada de quem chegava à festividade.
Acontece que o "bife" não falava português e debatia-se com naturais dificuldades em pronunciar os nomes dos convivas nacionais. Pedia um pequeno apoio que gentilmente lhe era dado e anunciava os nativos. Deu-se o caso de não conseguir ler o nome de um dos convidados. O português gentilmente explicou-lhe que se chamava Saraiva. É anunciada ao salão, com pompa e circunstância, a chegada de Sir Aiva and Lady Aiva.
por Fernando Lopes, 30 Mar 12
Imagem: Kaos
Naquilo que se poderá designar como transumância do bloco central, António Borges regressa hoje ao grupo Pingo Doce. Após um período de nojo, caracterizado por ter a exacta duração que o seu partido está ausente do poder, a dança das cadeira (re)começa. Se analisarmos os curricula de dois notáveis da actual maioria, veremos que saltitam de Conselho em Conselho. É o Conselho de Administração, Conselho de Estratégia, Conselho para a Internacionalização, Conselho dos Conselhos e uma infinitude de cargos. Quem possui o dom da ubiquidade, não é Deus, mas por exemplo, Nogueira Leite ou António Lobo Xavier. São vogais de A a Z, que as cinco vogais são pequenas para registar os inúmeros cargos que ocupam.
por Fernando Lopes, 29 Mar 12
por Fernando Lopes, 28 Mar 12
A propósito do fecho da livraria Poesia Incompleta.
Se calhar vamos ser todos muito felizes a coçar o cu aos iPads.
Eduardo Pitta, Da Literatura
por Fernando Lopes, 28 Mar 12
Que as coisas não estão fáceis, já todos sabemos. Mas haverá algo mais simbólico do retrocesso civilizacional a que este país está sujeito do que o regresso dos candeeiros a petróleo? À boa maneira dos anos 60, com um interior onde a luz eléctrica era uma miragem, o empobrecimento que nos envergonha é também marcado por estes recuos. Dentro do conceito de "austeridade digna", proponho o regresso de mais um ícone dos anos 60, o fogareiro. Estes acessórios darão um look vintage às residências portugueses. O diabo vai ser se os bandidos dos donos das drogarias se cartelizam para aumentar o preço do combustível. Aí virá o Sebastião da concorrência, com um ar enfiado dizer que "os preços sobem exactamente como sobem os preços internacionais de referência".
por Fernando Lopes, 27 Mar 12
Nas minhas costas tenho sempre um lembrete da efemeridade. Rodando 180º, no meu local de trabalho, tenho vista para o cemitério de Agramonte. Belos jazigos em forma de capela, que mostram as glórias do reino dos mortos, aos vivos. Para que conste, ao contrário do que dizem, nem na morte somos todos iguais. Uns morrem e ficam à superfície, exibem arte, orgulho nas origens e terrenas fortunas. Outros, pobres, são escondidos debaixo da terra, em campa rasa. Não me lembro de ter confessado isto, excepto a meia dúzia de amigos mais chegados, mas aqui vai. Tenho um medo que me pelo de caixões ou ser enterrado. A experiência mais próxima que tive de estar num caixão, uma ressonância magnética. Enfiado naquele tubo, entrei em pânico. Só fiz o exame com recurso a anestesia. Uma coisa uma bocado mariquinhas, bem sei. Deixo aqui as minhas últimas vontades no que ao féretro concerne. Um caixão XXXL e um repouso não debaixo mas à tona da terra. O primeiro deverá ser facilmente exequível, para alegria de carpinteiros e cangalheiros. Do segundo 50.000 € me separam. Acho que vou aguardar. Sem pressas, que demora muito tempo a juntar tanta massa.
por Fernando Lopes, 26 Mar 12
Os portugueses não merecem os juízes que têm.
Estou plenamente de acordo. Seguindo o "plano Coelho", sugiro a emigração aos juízes portugueses. Saiam da vossa "zona de conforto". Não me parece que "a casta" faça grande falta à justiça. A independência do poder judicial um mito, os juízes um bando de energúmenos politiqueiros e inoperantes. Façam-nos um favor, emigrem.
por Fernando Lopes, 26 Mar 12
O despertador toca. A minha mulher senta-se na cama, coloca a cabeça entre as mãos e exclama:
- Ai que sacrifício!
Está dado o mote para o dia a dia de milhares de portugueses. Salários congelados, pressão dos chefes e patrões, cada vez menor motivação para exercer tarefas antes executadas com prazer e sentido do dever.
por Fernando Lopes, 25 Mar 12
Escrevo antes de tudo para mim. Porque este acto solitário me dá prazer. Não me parece que, qual Messias, tenha alguma boa nova a comunicar ao mundo. Faço-o após 9 horas diárias de trabalho, normalmente depois do jantar, baseado em pequenas notas que vou deixando no telemóvel. Não tenho tempo nem saber para apurar os textos, não uso os magníficos dicionários de sinónimos incluídos no Word, corrector ortográfico nem vê-lo. O facto de ter um blogue prende-se com a necessidade de me exprimir. Para sofrimento dos incautos que me lêem, este é o meu meio. As tintas e pincéis feririam menos sensibilidades, mas faltam-me os conhecimentos para me expressar em tela. Ao fim de semana, quando tenho tempo para incomodar com mais frequência a minha meia dúzia de leitores e ler com calma o que os outros escrevem deparo-me com um deserto na blogosfera. Ou existem magníficos empregos, em que não se tem a ponta de um corno para fazer e que possibilitam devaneios critico-literários, ou muitos bloggers menosprezam os dias descanso semanal porque têm menos leitores. Existe em muitos a febre do "publicozinho", como se alguma da treta que escrevemos tivesse importância. Reality check! Não tem. Lemo-nos uns aos outros, numa espécie de círculo fechado sem impacto ou notoriedade. Experimentem ir ao Bolhão e inquirir quais os blogues favoritos. O mais provável é levarem com um "Vai chamar blogue a outro, seu ordinarão!". Agradeço a quem aqui vem e participa, mas padeço do mal de conhecer as pessoas e de ter a noção da minha [e da nossa] insignificância. Seria bom que alguns pavões que não resistem a exibir lustrosa plumagem tivessem a noção de que tal não resulta na cópula ou no reconhecimento esperado, pois lá no fim do mundo nada existe excepto o divertimento ou reflexão que tiramos das nossas palavras.
por Fernando Lopes, 25 Mar 12
Ocasionalmente sou atravessado por grandes angústias. Será comum a todos, dos mais tímidos e introspectivos aos mais expansivos. Lembro bem os primeiros momentos de medo profundo e angústia, daquela que nos causa borboletas no estômago. Quando com 12 ou 13 anos tomei consciência da minha finitude. A tomada de conhecimento de que vamos morrer, de algum modo, altera-nos. Coloca as nossas hormonas adolescentes no devido lugar, o de uma micro poeira cósmica, colocada por acaso no universo, com outro destino que não o de cumprir um papel ainda não escrito, por dramaturgo também ele inexistente. E, no entanto, lutamos. Por uma vida melhor, por mais conforto, por felicidade para os filhos. Mesmo que não se consiga nada, mesmo que o nosso significado seja ridiculamente pequeno, é esta luta, esta vontade de mudar intrínseca ao ser humano que faz o mundo avançar, dar melhor condições de vida aos que cá estão e aos que hão-de vir. Lutar por uma causa, por um ideal, é uma forma de superação da morte, pelo amor. Enquanto um único homem sentir este amor fraternal, valerá sempre a pena a vida e a luta.
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O Pretinho do Japão é citado, como profeta, em Ram...