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Queres sangue? Toma!

por Fernando Lopes, 28 Fev 12

As políticas economicistas deste governo tinham de ter consequências. O Tio Patinhas da saúde, decidiu revogar o Decreto-Lei 224/1990, que isentava de taxas moderadoras os dadores de sangue. Qualquer um que não se chamasse Macedo saberia que o altruísmo tem limites. Os dadores fizeram um manguito ao ministro e as dádivas encolheram. Quem não é mentecapto, sabe que acção provoca reacção. A dos que voluntariamente davam sangue está à vista. Ou um manguito feito ao ministro. Queres sangue? Vai dá-lo!

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gostava que gostassem de mim

por Fernando Lopes, 28 Fev 12

quando choro, triste e inquieto
gostava que gostassem de mim

quando me embebedo é porque
gostava que gostassem de mim

quando olho aquela linda rapariga
gostava que gostasse de mim

quando faço festas ao cão que passeiam na rua
gostava que gostasse de mim

quando cumprimento o velho
gostava que gostasse de mim

quando canto, grave e desafinado
gostava que gostassem de mim

no fundo, simplesmente,
gostava que gostassem de mim

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O embrionário IV Reich

por Fernando Lopes, 27 Fev 12

Desde tenra idade sofro de germanofobia. Talvez por ter assistido a demasiados filmes de guerra enquanto adolescente, incapacidade em entender a língua, influência paterna. Os mais velhos, ainda com memórias vagas da segunda guerra mundial, não foram propriamente entusiastas da reunificação alemã. Temiam que, uma vez unidos, não resistissem às tentações hegemónicas que se crê impressas no código genético dos teutões.

 

Este texto, pleno de preconceito, é mostra da memória colectiva dos povos da Europa. Quem, com mais de 35 anos, disser que as primeiras palavras que lhe vêm à memória quando se fala da Germânia, não são Heil Hitler, é mentiroso. Por razões históricas e pela força que esta recordação tem na Europa, deveriam os representantes políticos alemães, tratar a questão grega com pinças, sem mostrar pingo de ambição totalitária.

 

Infelizmente, e como já vem sendo hábito, é o inverso que acontece, o que tornas as declarações do ministro alemão do interior incompreensíveis. Há muito que sabemos que os líderes deste país perderam a vergonha na cara. Multiplicam-se em afirmações que oscilam entre o paternalismo e o racismo. Posta a Grécia perante um programa que todos assumem não ser exequível , não lhes falta a desfaçatez para mostrar os verdadeiros intentos. Para mal dos portugueses, o mais africano dos candidatos a primeiro-ministro é de uma subserviência assustadora face ao embrionário IV Reich. Eu, por mim, prefiro os ditadores assumidos, sem falinhas mansas. Esses, pelo menos, mostram claramente os seus intentos.

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O parceiro dispensável

por Fernando Lopes, 26 Fev 12

Para os solteiros, um aviso. Quem pensa que a vida de casado é plena de actividade sexual, desengane-se. Por estranho mecanismo, as mulheres depois de casadas parecem menos disponíveis sexualmente. Não sei se a união limita a libido, certo é que na minha experiência, sem valor estatístico, foi isso que aconteceu. Depois temos a fase seguinte em que o amor se materializa num filho. E aí é o fim da picada. Os amigos casados sabem bem do que estou a falar. Após a maternidade, os maridos são relegados para o lugar de apêndice tolerado. Não se iludam, ficam no fim da lista de prioridades da novel mãe. O filho, o cão, o periquito e depois, bem depois, lá no fim da escala de afectos, o parceiro. À medida que descemos nesta escala de prioridades, decrescem também as vezes em que fazemos amor. Porque a criança chora, o cão precisa de ir fazer chichi, qualquer razão é boa para adiar o sexo. Não sei se é assim em todos os casos, mas já fui confessor de idêntica condição, a de parceiro dispensável. Quem quiser partilhar a sua experiência, dizer de sua justiça, tem a caixa de comentários aberta. Pode fazê-lo anonimamente, que sei bem que as questões de alcova são matéria sensível.

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Uma visita, dois templos

por Fernando Lopes, 25 Fev 12

Hoje, fiz a minha peregrinação a S.Torcato, como já se tornou tradição. Tirei proveito da visita, e além de visitar o santo, fiz um reabastecimento estratégico num dos meus restaurantes favoritos, o Batista. É um restaurante familiar, que passou de pai para filho, com a mãe e a nora a supervisionar a cozinha. O menu não é muito vasto, mas é de enorme qualidade. Arroz de pato, rojões com sarrabulho e bacalhau com natas são os meus favoritos. Além da simpatia do atendimento e da qualidade da cozinha, o lugar é também poiso de um papagaio macho, com nítida preferência pelas fêmeas e que, quando inspirado,  entoa avés-marias a um ritmo desconcertante. Não é um local barato, mas conheço poucos onde a cozinha tradicional tenha tanta qualidade. A lista de notáveis que por lá passaram está em fotografias na parede. De Jorge Amado a Mário Soares de Durão Barroso a Saramago, meio-mundo das artes e da política já comeu no Batista. Agora que Guimarães é Capital Europeia da Cultura, quem como eu, quiser visitar a cidade berço, vaguear pelo inúmeros eventos e comer com qualidade, tem aqui poiso seguro e confiável.

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Via Os Comediantes

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Gestor de Carreira

por Fernando Lopes, 24 Fev 12

Tem-se falado muito no desemprego jovem. Deixar à sua (falta) de sorte, jovens qualificados, com vontade e sangue na guelra é um enorme desperdício. Depois, quando surgem oportunidades de trabalho, muitas perdem-se na teia burocrática, como bem exemplifica o Miguel neste post. No entanto, socialmente, é muito mais arrasador o desemprego na meia-idade. Tenho amigos que estão a passar situações complicadas. E a falta de trabalho perto dos 50 é completamente diferente das dos jovens de 20 ou 30. Talvez mais dramática. Porque têm filhos a cargo, despesas fixas com habitação, são muitas vezes o apoio de pais idosos. Ficar desempregado aos 50 é, com raras excepções, o fim da carreira laboral. Promete-nos agora o governo um gestor de carreira. Qual carreira? A grande parte das pessoas da minha geração não completou o ensino superior, são para os centros de emprego semi-qualificados ou não qualificados. Como já tinha reflectido aqui, o objectivo último deste governo e desta política é tornar a precariedade transgeracional. Pressionar os mais velhos, uma vez que existem dezenas de jovens dispostos a trabalhar por metade do  nosso salário. Não pode existir uma guerra de gerações, secreta ambição dos Relvas deste mundo. É com a união, luta comum e apoio mútuo que os mais novos e os "não tão novos" conseguirão enfrentar esse monstro que se chama desemprego. Com ou sem "gestor de carreira".

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Já nasci velho...

por Fernando Lopes, 23 Fev 12

Já nasci velho. Por isso, sempre que se aproxima um aniversário, deprimo. Por detrás de um tipo brincalhão e sociável está um angustiado crónico. Essa ansiedade acompanha-me desde que me conheço. É minha natureza. Amanhã faço 49 anos. Falta um para 50 e estroncar a pontapé e com grande alarido as portas da meia-idade. Foda-se! Recordei-me de um episódio da juventude, com o velho Dr. Carlos. Na adolescência manifestaram-se os primeiros sintomas orgânicos da angústia crónica que, desde sempre, se apossou de mim. Sudação das mãos, quase constante.

- Não posso fazer nada, rapaz. É ansiedade, sentenciou o velho médico.

Porque escrevo sobre isto? O que é que interessa? Nada. Mas permito-me este pequeno exorcismo, com a esperança de que quem me lê, tolere complacentemente este momento confessional.

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Boneco das Caldas à Francesa

por Fernando Lopes, 22 Fev 12

Strauss-Kahn e todos os sexagenários que participam em orgias, divertem-me. Imagino-os a "despachar" duas ou três jovens prostitutas. Como preliminar, uma dose cavalar de Viagra. Kahn fica lívido, quase a desmaiar, porque todo o fluxo sanguíneo se concentra no falo. Assim uma espécie de boneco das Caldas à francesa. As consequências são bem conhecidas. Pouca irrigação no cérebro e uma espécie de teimoso fálico, que caindo em cima do pénis, rapidamente, como que suportado por mola, se levanta. Depois, cometem-se actos poucos dignos da posição e idade, perseguindo jovens ninfas. Deve ser espectáculo bonito de ser ver.

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O Tempo Parado

por Fernando Lopes, 21 Fev 12

Namoraram-se durante a adolescência. Uma relação fugaz, que o tempo não marca senão com memórias ternas. Tinham seguido caminhos diferentes, ela era professora, ele jovem advogado de sucesso. Quis o fado que, anos depois, casados, se encontrassem entre carrinhos de supermercado, papas lácteas e arroz agulha. Da rapariga franzina e tímida já pouco restava. À sua frente estava um mulher de trinta anos, com dois filhos pela mão, elegante, segura de si, e contudo, para lá do que se vê, a adolescente doce que havia amado. Enquanto trocavam banalidades, era como se tudo tivesse parado. Nada existia a não ser a sua presença, a voz calma e compassada, o sorriso doce. Não sabe Pedro se falaram um minuto, uma hora. Os mecanismos da memória embriagaram-se perante afectos que julgava esquecidos. Retira-se, arrastando os miúdos, sem acabar as compras, cambaleante, como se tivesse sido sugado para uma espiral em que, como nos romances, a eternidade existe para ser vencida. Veio-lhe à memória "O Amor Nos Tempos de Cólera" e viu-se protagonista de um romance em que o amor havia vencido o tempo.

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